domingo, 28 de dezembro de 2008

Sete Rosas para Rilke ou o Remorso de não sermos Deus



Somos uma luz agarrada à terra, a querer desprender-se. A aprender a voar.



Vivemos do que inexiste. Nisso somos humanos às cavalitas de deus.



Rosas de luz são corpetes dos anjos, que as enchemos nós, com o nosso corpo!




Em silêncio, oramos, em luz, oramos. Desse cálice deixai que se espalhe o delicado aroma.



Aqui vos entrego a alma, para que a limpeis com vossos dourados raios.



Rosas sois, de muito abrir e maior fenecer.



Quanto à tranparência, vós o sabeis, Senhor, nem para pó do vosso manto servimos.


26 comentários:

  1. "Aqui vos entrego a alma": Será este presente verdadeiramente puro apenas quando a conhecemos e aceitamos plenamente nas suas virtudes e fraquezas, antes de a entregar?

    Um grande abraço
    um sorriso sincero:)
    Votos de um verdadeiramente grande 2009

    ResponderEliminar
  2. Saudadesdofuturo enviando sete rosas para Lapdrey?

    ResponderEliminar
  3. Aos d'Art'Antiga:

    “Sete voltas que alguém, por alguém, envia ao futuro: em saudades de Rilke (rogando, da volta, perdão)”

    Desprendendo-me da terra, agarro-me à luz que me voa. Assim quero.

    Todo o deus, que nisso humano se cavalga, mais vive onde inexistamos.

    Corpete em nós é o corpo, se aos anjos os não enchamos de luz, como se a
    rosa.

    Desde o silêncio do cálice oramos, da luz, o aroma delicado que em nós se espalha. Deixai-o.

    Entrego-te, alma, meus raios, para que os limpes a ouro em tua entrega.

    Tão quanto mais vos abris, rosas, mais vos feneço.

    Sabei, senhor, que vosso manto, sem a transparência do pó, nos serve para o que não sabeis.

    ResponderEliminar
  4. Meu Deus, Lapdrey!

    Paralisei. Não consigo, agora, responder-lhe.
    Desculpo-me de qualquer modo e calo.


    Querida Margarida,

    Quão humanos, somos, princesa!
    Quão humanos!


    Fragmentos,

    Não sei. Tremo.


    Anónimo,

    Sete Rosas para Lapdrey, isso sim. É verdade.

    Um abraço a todos.

    ResponderEliminar
  5. Vai começar "As sandálias do pescador"!

    Eu vou ver!
    E vocês?

    ResponderEliminar
  6. Boa, Jonas!
    Ou será que o amigo é Bar Jonas? (isto não é nenhum nome de bar, ok?)

    Ah, pescar a esta hora, e de sandálias? Não!
    Está muito frio, e eu tenho pezinhos sensíveis: posso constipar-me e ficar com voz de Cocas)

    ResponderEliminar
  7. Está no intervalo... e ainda não há Papa!
    Só fumo preto.
    Vai recomeçar...

    ResponderEliminar
  8. olha, acabou-se! tchi que estupada

    ResponderEliminar
  9. Também gostei muito da imagem. O texto explora sentidos de entrega, de ascese e de humildade que me são muito caros. Assim a gente se prepara para entrar num dia novo, num novo ano, enfim, no minuto a seguir.

    ResponderEliminar
  10. Meu caro Anónimo (once more?),

    É torpe a insinuação, se a houve (tal assim parece, tentando parecer o contrário dizer), e vulgar (assim sendo) o exprimi-la em palavras.
    (Se assim não for, estamos conversados, sem porém que lhe diga que terá perdido uma excelentíssima ocasião de nada dizer.)
    Demais, regra geral, quem apenas pense o que pensa, pensará só aquilo que pensar.
    (É isto, sobremaneira, o que diferencia os artistas e demais criadores - do que seja - de quem não o seja)

    O meu amigo(a) deve, de todo em todo ignorar (ou faz que ignora) esse fenómeno apenas conhecido dos artistas – seja qual for a sua arte – que poderia dar pelo nome de “explosão inspiradora simpática” - fenómeno que se suscita por si mesmo, seja qual for a arte que active o artista ("malgré lui") em tal "tempestade" ou "terramoto" de fluxo criador.
    O caso de Jorge de Sena, entre nós, é, para o melhor e para o "menos melhor", suficientemente eloquente (quanto à música e à "estese" de todo a mais díspare sorte de coisas que tal eflúvio criador íntimo possa suscitar).

    Porém, isso acontecerá apenas (“pena”, não é, anónimo?) com quem e em quem haja o farol de sentidos íntimos escancarado.
    Como escreve o aqui, pelos vistos, incontornável Rilke:

    “Com todos os olhos vê a criatura
    o Aberto. Só os nossos olhos estão
    como invertidos e de todo postos à volta dela,
    como armadilhas, em círculo à volta da sua saída livre” .

    (“Oitava Elegia de Duíno”, trad. Paulo Quintela, Editorial Inova, Porto, s.d., pág. 69)

    ResponderEliminar
  11. Resposta de Rilke (bilhete aberto) a sete rosas que tinha hoje à porta de seu orvalhado sentir:

    “Quem me dera ser como os que em si são secretos:
    Não mostrar na fronte os pensados pensamentos,
    oferecer só uma saudade em minhas rimas,
    dar com os meus olhares só um germinar breve,
    dar com o meu silêncio só um arrepio.

    Não trair mais, entrincheirar-me todo
    e ficar solitário, que assim fazem os completos:
    Só quando a multidão ruidosa se ajoelha
    Como derrubada por luminosas lanças,
    só então tiram eles os corações do peito
    como custódias, e abençoam-na com eles.”

    Rainer Maria Rilke

    (de “Alba Poética”, in “Poemas I”, pág. 28, trad. de Paulo Quintela,
    ed. Instituto Alemão da Univ. de Coimbra, 1957)


    (Acho que ficámos todos bem mais do que esclarecidos...)

    ResponderEliminar
  12. Desfolhemo-nos, sim, e o mundo se desvanecerá no perfume do espaço iluminado.

    ResponderEliminar
  13. Desfolhem-se, sim, de vocês mesmos, ó confraria do elogio mútuo!

    ResponderEliminar
  14. Que pena, não haver ninguém aqui que lhe dê um elogiozinho, meu caro Long!
    É certo que o meu amigo põe-se também muito a jeito para que isso não aconteça, não será?
    Mas sempre lhe dou um, aqui já na hora:

    Ah, não há como o meu amigo Long para desfolhar a nossa "Confraria do Mútuo Elogio"!(desculpe a inversão entre adjectivo e substantivo, mas achei mais sonante: manias dos mútuos elogiantes...)

    (Caro Paulo Borges, desculpe maçá-lo com estas coisas, mas parece que temos que tratar aqui de elaborar os estatutos da Confraria, assim como eleger os corpos sociais: bem, podemos lá ter todos e ninguém, não é?)

    ResponderEliminar
  15. hehe ler estes comentários é d+
    um elogio p Iong?hummm :)

    ResponderEliminar
  16. Nobre é elogiar quem nos ataca... Elogiar os amigos é medíocre.

    ResponderEliminar
  17. À luz dos poemas de Rilke e sem sombra de ironia - que aqui não tem como entrar -, antes à sombra do pensamento de Cioran, devo dizer-lhe, Long, que o estimo, não como inimigo. Como poderia isso ser? Se de mim mesma me desfolho, cada dia.


    Um abraço e um bom ano.
    Cumprimentos, Saudades.

    ResponderEliminar
  18. Estou no fosso e sopro num osso... De quem? De Deus, que comi na consoada. Grande ossada.

    ResponderEliminar
  19. "O que me assusta não é a maldade dos maus, mas a omissão dos justos."

    ResponderEliminar
  20. ando a resistir mas vou mesmo gravar esta imagem p mim, é irresitível...Saudades, pode dizer-me de onde a retirou, sff?

    ResponderEliminar
  21. Claro que posso, cara Fragmentus. Também não conhecia a fascinamte artista, Elizabeth De Vries. Com a mesma generosidade com que me foi facultado, aqui vai o endereço do espaço onde se pode verdadeiramente deliciar e, claro, inspirar também: http://edevstudio,com

    Obrigada por me ter lembrado a sua divulgação.

    ResponderEliminar
  22. obrigada :)

    (só relembrei a fonte da imagem pk a tirei para mim...rs)

    ResponderEliminar
  23. Só se fala de Deus...
    Esta brincadeira que me chegou é dedicada a Jesus e aos seus amigos, tão esquecidos neste blogue:

    "Qual a função do apóstrofo?

    - Apóstrofos, são os amigos de Jesus, que se juntaram naquela jantinha que Michelângelo fotografou."


    Obs.: esta resposta foi dada num teste de português e merece um troféu... Ó Professores, sede generosos com os vossos alunos.

    ResponderEliminar
  24. Ficai com a "jantinha" ... eu vou para a Última Ceia!

    ResponderEliminar