segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Annwyn


As linhas do teu nome eram azuis
e falavam da eterna Avalon,
a ilha das maçãs e as fadas,
onde sempre sobreviveu o teu olhar perdido,
nos mil rostos, nos mil brilhos
do fruto que mordemos numa longa noite
do mês de Abril,
na primavera das revoltas.
A primeira maçã tinha o cheiro de Genebra,
e tinha o sabor de Lancelote.
Confundiam-se na cópula os rostos,
os nomes, as palavras,
o sentir profundo
que deixava eternidade,
os passados revoltos,
que encarnavam o corpo novo
das peles rubricadas
e os corações rotos nos cantos,
nas forças, nos sonhos,
nas múltiplas sementes de luz.
O bem e o mal eram na maçã tempo,
o rancor e a compaixão,
o afecto na ponta do triângulo,
o amor, o desejo.
Choviam fios de paz e esperança
e desciam em comum dos nossos lábios
num beijo de luz
que podiamos morder, sentir
de boca cheia, de lua nova
na macieira de Avalon,
nossa Avalon,
Annwyn a doce..

17 comentários:

  1. A serpente celta ouve a deusa da maçã na ilha secreta: milagres de amor

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  2. É bom ouvir estes ecos de um mundo esquecido... Há uma sabedoria pagã que sempre murmura na saudade galaico-portuguesa.

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  3. Mas afinal o que é o paganismo? Alguém explica?

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  4. Uuuuuuuuuuuui, agora é que a Maria da Conceição nos cai em cima e coloca na lista negra dos não-empregáveis nos bancos ibéricos e nos colégios unissexo ...

    Meninos e meninas, preparem-se para o desemprego e o opóbrio social que a ditadura de pelica, acompanhada pela ressureição do Santo Ofício, desta vez na sua versão virtual e sem a mixordice dos gritos de agonia, está prestas a consolidar-se ...

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  5. Caro anónimo, descanse que não sou tão maniqueísta como o meu amigo parece ser, quando identifica uma visão católica do mundo com a Inquisição.

    No paganismo houve e há a Verdade que em todas as coisas se manifesta: Cristo. Somente não plenamente revelada. Como agora ainda o não está para muitos, pois o conhecimento possível do Deus-Homem só o dá a santidade, que para desgraça do mundo deixou de ser o alvo da humanidade.

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  6. Maria da Conceição, o que está ainda aqui a fazer? Porquê essa sua insistência narcisista e egoica em afirmar a sua suposta verdade acima de todas as outras?

    Sim, narcisita e egoica, pois a verdadeira abnegação, a verdadeira entrega a Deus é silenciosa, não precisa de ser afirmada a toda a hora aos sete ventos! É também humilde, não precisando de arrastar os outros, ou melhor, convertê-los!

    Não percebe que não é bem-vinda neste espaço?

    Ah, claro, agora é que o seu ego vai disparar a mil, o ego da dorida martir de Cristo não é bem-vinda num blogue de hereges ...

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  7. Não sejam tão duros com esta senhora, meus amigos! Lembrem-se que ela só quer o nosso bem ... Como todos os tiranos ...

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  8. Olha quem fala, o realista moralista que há uns dias criticava tudo e todos!... Também só queres o nosso bem, não é, ó tiranete!?

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  9. Iolanda, pode explicar que imagem é esta?

    Um Abraço galaico-português

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  10. Meus amigos, surpreendeu-me a polêmica e poderia explicar coisas, mas... é melhor explicar ou deixar que cada leitor construa a parte do texto que é apenas sua, que lhe corresponde? Sim, Francisco, os milagres de amor foram reais e que bom morder a maçã, assim o tempo de sabora-la sempre seja inversamente proporcional à intensidade, ou semelha. É um poema que faz parte do livro ainda inédito (esperemos que não por muito tempo) Memorial e integra-se na sua segunda parte, A primeira Maçã, entre o Diálogo Prévio e o Monólogo Presocrático... a história, a macrohistória está nesse livro e também na realidade de uma viagem a Avalon, de um encontro com o rei, com Artur.
    Que é o paganismo? A crença dos que vivimos nos pagos, os campesinhos, os homens e as mulheres que assistimos cada dia aos milagres naturais e acreditamos neles, no equilíbrio, na unidade, na diversidade, nesse amor esquecido do que falou Lira, mas que pode salvar presentes e futuros com amor, o eros, o ágape com Gaia, o tempo da serpente emplumada, a revelação e a rebelião.
    Meu querido e admirado admirador, a fotografia é o lume original, lume transformado em serpe e em olho de mundo e em maçã nova, e em explosão de amor pela esferização mágica de um bom amigo das imagens, como um trampanjo maravilhoso.
    Abraços a todos e obrigados pela sua parte no texto. Até já.

    Iolanda

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  11. A polémica é normal, neste hospício hospital...

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  12. Foi um chapéu sobre a polémica. Desculpem, tiro o chapéu e partilho o hospício, crio-me aqui também a alma e abraço os sonhos da serpente nestas noites de outono, abraço o céu.

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  13. Parabéns, Iolanda, e obrigado por este teu rio, apenas em aparência tecido de palavras. Espero em breve poder ler e navegar no mar Memorial.

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  14. a foto é fantástica, parece uma mandala distorcida!é?

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  15. Olá, Pedro... para já. Vou enviar, nem mereces inéditos. Um abraço a ler, a sentir o Cancioneiro do Silêncio em voz.
    Beijinhos

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  16. Ana Margarida... as assas de um anjo, desde elas tudo é formoso, mas lembre que o olhar torna possível a comunicaçao do belo. É lume, mas pode-se entornar o lume, nao é?
    Um abraço

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  17. lume...ficou lindo, de facto!parabéns e obrgda pelo esclarecimento

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