segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Sede silente

Talvez à vista não salte,
porque se firmam no firmamento, imóveis
- em tons que se mudam sem se moverem
na sombra e no ímpeto dos azuis-
as vozes pousadas em silêncio na sede de um diálogo cristalino.

11 comentários:

  1. Sim, também no silêncio habita a sede... Por vezes a mais intensa. Poderá em silêncio se desalterar?

    ResponderEliminar
  2. Em silêncio, olho-te nos olhos, sorrio-te e abraço-te.

    ResponderEliminar
  3. "Talvez um dia, para além dos dias,
    Encontres o que queres porque o queres.
    Então, livre de falsas nostalgias,
    Atingirás a perfeição de seres.

    Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
    Pobre esperança a de existir somente!
    Como quem passa a mão pelo cabelo
    E em si mesmo se sente diferente,
    Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

    Sossega, coração, contudo! Dorme!
    O sossego não quer razão nem causa.
    Quer só a noite plácida e enorme,
    A grande, universal, solente pausa
    Antes que tudo em tudo se transforme."
    Fernando Pessoa

    ResponderEliminar
  4. Ponho no firmamento a voz. E digo ao seu ritmo: imobiliza-te. Quando o espelho da outra voz se aproximar, sorrirei, apenas. E com a alma. Seremos uma clareira. Um alargamento do firmamento. É para lá que diriges o olhar, quase desde o teu primeiro elogio à luz da cidade que aqui nos deixaste ao passar perto do S. Carlos. É por isso que mereces um bosque.

    ResponderEliminar
  5. Gostei muito Anita, deste poema, sobretudo dos dois primeiros versos."Talvez um dia...encontres o que queres porque o queres." É magnífico! e oportuno na questão de algumas sedes.
    É possível desalterar-se no Silêncio qualquer sede, Paulo. No entanto, há sedes que anseiam pela água de uma certa Fonte, uma gota apenas e o Universo vibra de Alegria, não é por "outros recursos" nem saciedade que clamam.
    Venha o Bosque, Isabel. Ai que sede!

    Abraço-vos

    ResponderEliminar
  6. Não será a sede a Fonte que se não sabe?

    ResponderEliminar
  7. Tens razão não é evidente mas o que busco (a minha sede) é a palavra inequívoca que proporcione o entendimento perfeito( o diálogo cristalino), a união total tanto na concordância como na discordância.

    ResponderEliminar
  8. Ana,

    Na concordância ou na discordância... diálogo, cristalino, união total: "Two hearts, One soul"

    ResponderEliminar
  9. Compreendo, mas diria que união supõe separação. Não será melhor buscar o que não pode ser unido por não poder ser separado... e vice-versa? Mais do que buscar, repousar nisso.

    ResponderEliminar
  10. Para mim, a Sede não implica uma Busca.

    ResponderEliminar
  11. Concordo. Assim a Sede pode revelar-se Sede (lugar onde nos sentamos e somos) e desocultar-se Fonte.

    ResponderEliminar