Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
domingo, 17 de agosto de 2008
No Teu poema
No teu poema
existe um verso em branco sem medida,
um corpo que respira em céu aberto,
janela debruçada para a vida.
No teu poema
existe a dor calada lá no fundo,
o passo da coragem em casa escura,
e aberta uma varanda para o mundo.
Existe a noite,
O riso e a voz perfeita, a luz do dia,
a Festa da Senhora da Agonia e o cansaço
do corpo que adormece em cama fria.
Existe um rio,
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva, a luta
de quem cai ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe o grito e o eco da metralha
a dor que sei de cor mas não resigno
e os passos inquietos de quem falha.
No teu poema
existe um canto-chão alentejano
a rua e o pregão duma varina
e um barco a soprar a todo o pano.
Existe um rio,
o canto em vozes juntas, vozes certas
canção de uma só letra
e um só destino a embarcar
no cais da nova nau das descobertas.
Existe um rio,
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risci, a raiva, a luta
de quem cai ou que resiste
que vence ou adoremece
antes da morte.
No teu poema
existe a esperança acesa atrás do muro,
existe tudo mais que ainda me escapa...
E um verso em braco à espera do futuro...
José Luis Tinoco
"Um dia, lá para o fim do futuro,
ResponderEliminaralguém escreverá sobre mim um poema,
e talvez só então eu comece a reinar no meu Reino."
Fernando Pessoa
*BJ*
O Poema escreve-nos. O verso em branco, sonha-nos. :)
ResponderEliminarEnfim...
ResponderEliminarpontaria certeira. Cá em casa dizem que ando dada à Simone de Oliveira. Mas esta e a Desfolhada...deuses...
Obrigada! Adoro cantar...que poema tão lindo para uma voz tão feia como a minha....muito obrigada.
ó Isabel... já cantava Jobim... "no peito dos desafinados também bate um coração..." ;)
ResponderEliminarE eu posso juntar-me ao "coro das velhas" do Sérgio Godinho
ResponderEliminar;)
A minha voz é correspondente ao velho ditado: Boa para escrever à máquina
Mas esta música entra pela alma, assim sem voz :)