"Antes de ti era a Mãe Terra escrava
Das trevas súperas que da alma nascem
E caem sobre o mundo...
A realidade ao mundo devolveste
Que haviam os cristãos fechado na alma
E as portas reabriste
Por onde aurora o carro
Ou Febo* guie e os dois irmãos celestes
Quando no extremo mastro à noite luzem,
Mais valham que um luzeiro
Na ponta de um pau seco.
Restituíste a Terra à Terra. E agora
És parte corporal da própria terra,
(...)
Erras nas sombras frias,
Mas ao ouvir-te os povos com que auroras
Do abismo os íncolas as tristes frontes
Erguem e sentem deuses
Caminhar pelas sombras.
E eis que de nova luz o abismo se enche
E um céu raia a cobrir o absorto fundo
Da fauce misteriosa
Que traga o mal(1) do mundo(2)."
Ricardo Reis
|*Febo, "brilhante, luminoso, era o deus romano equivalente ao grego Apolo. Irmão gémeo de Diana, também conhecida por Ártemis, e também filho de Júpiter com Latona. Personificava a luz, era o deus das músicas, e o mais belo de Roma."
var. (1) fim, (2)vida|
A pérola da Terra
"O que sentimos, não o que é sentido,
ResponderEliminarÉ o que temos.
Não fazemos mais ruído no que existe
Do que as folhas das árvores
Ou os passos do vento.
Em vão procuro o bem que me negaram.
As flores dos jardins dadas aos outros
Como hão-de mais que perfumar de longe
Meu desejo de tê-las?
Quem fui é externo a mim. Se lembro, vejo;
E ver é ser alheio."
(Fernando Pessoa)
ResponderEliminar"Nada se sabe, tudo se imagina. Circunda-te de rosas, ama, bebe, cala |ou canta|. O mais é nada"
ResponderEliminarRicardo Reis
O mal do mundo vence-se com a força indómita do amor.
ResponderEliminarE a ciranda de rosas...
Que possamos viver e morrer na Beleza. ;)
:) pois vê lá... é que este moço era um caso sus-peito... pois ainda vivia pelo que tinha dentro do peito.
ResponderEliminarHoje vi o nome de concha azul... e lembrei-me da concha azul em que vivo. E desde pequena me pergunto como se ouve o mar dentro dos búzios... hoje aproximei-me do que só posso imaginar... só, bastando.
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