linguagem vetusta
emplumada de pura
DÉCIMAS DO GENÉSIO PONTES
Visco branco e palmeirão
Vara de ouro e pilriteiro
O cardo-santo e rinchão
Fel da terra e noveleiro
Verónica e trepadeira
Feto-macho, valeriana
Tramazeira e verbena
Sanamuda e ulmeira
Mil folhas e cerejeira
Urze e selo de Salomão
Goivo e amor de hortelão
Canabras e avoadinha
Espinheiro e sargacinha
Visco-branco e almeirão
Betónica e pulmonária
Sanícula e tasneirinha
Sarão-curto e cavalinha
Pinheiro silvestre avelária
Pepino S.Gregório, aliaria
Douradinha e sabugueiro
Norsa-preta e alfeneiro
Nevada dos gatos, violeta
Luminária e faia-preta
Vara de ouro e pilriteiro
Erva S. Roberto, ficária
Tussilagem, salgueirinha
Trevo de água, carvalinha
Ninho de cuco, vulneraria
Silvão-macho e fumaria
Celidónia, dente-leão
Consola-real, urtigão
Feto real, morangueiro
O cardo-santo, rinchão
Alfazema e escrofolária
Alecrim e pimpinela
Erva terrestre e rosela
Cardo-corredor, saponária
Nevada, papoila ordinária
Mangerona, marmeleiro
Erva-férrea, algodoeiro,
Silva-macha, matricária
Pé-de-leão, paritária
Fel da terra, nevoleiro
Querido Platero,
ResponderEliminarTu que me conheces e sabes o meu nome, e me reconheces pelas palavras, para além do rosto, diz-me que flor ou erva ou vegetal de comer ou de aproveitar ou de dar de comer ao pasto, melhor diz o ramo de cheiros que agora te ofereço. Sabes o nome dessas flores de cheiro? Sabes?
Um beijo
Eu gostava de pedir para passear junto de tamanho jardim: com tantas flores, ervas, cheiros e vegetais...
ResponderEliminarA única pessoa que me ensinava a nomear o simples, o belo era o meu pai. Está sem poder...mas apanhava pinhões e com uma pedrinha partia-os para eu os experimentar. Foi assim a primeira vez. Depois ensinou-me a reconhecer as ervas com que se tempera a azeitona e o nome das urzes para eu poder falar com o campo e como com os outros jardins para eu, com as palavras, os namorar. E ensinou-me o que era a camarinha que aparecia num livro de adivinhas e enchia as férias e os domingos de sábios e secretos nomes para eu me enamorar. A si, que recupera essa memória pelo seu saber, mando o meu mais fundo agradecimento. Uma comoção cheia de cheiros e cores de ervas que guardo nas paisagens húmidas da memória.
o Director do Centro Cultural da Igrejinha pediu-me que desse uma olhadela pelas décimas do Genésio -que estão a entrar no prelo para impressão.
ResponderEliminarfoi o que fiz, com a convicção de que o meu contributo até podia ter alguma utilidade.
a poesia popular do Genésio Pontes talvez nem seja, no seu conjunto, do meu particular agrado. Mas só este Mote:
"visco branco e palmeirão..."
deu logo para entender que estava perante uma coisa muito linda. Antológica mesmo:
uma parceria feliz entre um Garcia de Horta e, sei lá, por que não, um cheirinho de Cesário Verde.
nada me liga a esta preciosidade de literatura popular a não ser a sorte de poder estar a contribuir, mesmo que de maneira modesta, para o tornar conhecido do maior número possível de pessoas.
nem tanto para o lerem quanto para lhe sentirem os cheiros e admirar as cores