No momento em que amarmos a vida tal como ela é, ela muda para nós. Enquanto só quisermos amar uma parte da vida ela não pode mudar, porque a transformação, o nascimento de algo novo ocorre sempre por união de duas partes antagónicas. Bom e mau. Masculino e feminino. Um pólo isolado nunca deu luz. Não existem inimigos, existem amigos perdidos ou vazios. Não existe mal, existe ausência de bem. Não existe morte, existe ausência de vida... (ou mal e morte são ausência). Não existe problema, existe uma solução que ainda está vazia, como a noite é o dia que ainda não amanheceu.
Quando olhamos algo sombrio, olhamos aquilo que ainda não é, mas que tudo pode ser! Olhamos aquilo que será revelação! Olhamos algo que encerra uma infinitude de possibilidades. Só a partir do escuro é que a luz toma o seu máximo esplendor. Estar apagado é um momento solene, como o é o céu da noite, ou os instantes que antecedem o abrir das cortinas de uma peça de teatro, ou o nascimento de um bebé. O vazio é só um tesouro escondido.
Ser mau não é mau, é ser bom demais... Vale a pena reprimir por ser bom demais? Vale a pena gritar ao dia por ele estar a chegar ao fim? Vale a pena quebrar o relógio por ser tarde? Ou vale a pena suspender a expiração? Ou não perdoar?
Vale a pena impedirmos-nos de ser quem somos? Para quê? Para ficarmos a não ser? Para que existimos nós? Para nos trairmos a nós mesmos? Temos medo de quê? De sermos nós? De quê? Do vazio de nós? Do silêncio? Será que o dia tem medo da noite? E o céu tem medo da terra? Será que temos mais medo de nós do que da nossa ausência? Deixemo-nos de caprichos e sejamo-nos de uma vez por todas! Nada há a esconder que não possa ser aceite. Tudo o que vemos e que nos aterroriza, não é o que vemos, é o que esconde o que vemos. Não é esse acto que é horrendo, é o termos de fugir de nós próprios que é horrendo. É o termos vergonha de nós mesmos que dá dó. Não é a notícia que nos devia perturbar, é o que ela não é que nos devia causar náusea. É o que lhe falta que nos devia incomodar. E que nos incomoda. É a FALTA DE AMOR. É esta ausência de nós.
Os adultos contam às crianças histórias que separam o bem do mal e dizem que é para elas poderem entendê-las mas eles é que não as conseguem entender de outro modo.
ResponderEliminarA única falta é a de regar com amor cada canto de nós, cada emoção, cada acção, cada pensamento, cada situação, cada homem. O que falta é abraçarmos a nossa terra inteira - todo o nosso corpo e alma, todos os outros homens e o mundo.
ResponderEliminarJulgarmo-nos a nós próprios é tão grave quanto aos outros. Aceitemos tudo o que somos, aceitemos todo o Amor que temos para dar, sem olhar a concepções humanas fúteis. Tudo o que existe é para ser amado, tudo - como o faz a luz do sol. O que não quiser ser iluminado pelo amor, manter-se na sombra, aceitemo-lo, como o sol o faz, apenas iluminando o que está susceptível de ser iluminado, e não é por isso que esmorece.
Brilha, brilha sem desânimo a cada dia.
"Quando olhamos algo sombrio, olhamos aquilo que ainda não é, mas que tudo pode ser!"
ResponderEliminarA nossa sombra é o prenúncio do que somos, e que ainda não se revelou.
(estou a sombra do que sou)
ResponderEliminare viva o monólogo da... :P
ResponderEliminarE por essas e por outras que eu vibro como uma harpa quando visito aquela gente extraordinaria que, pelas favelas desta cidade fora, no meio da violencia extrema do trafico, cria tanto amor e tanta harmonia.
ResponderEliminarA sua criatividade faz nascer as mais belas flores do meio da lama.
Nao quero voltar ao hemisferio Norte. Nao quero voltar a "Ocidentalite" que tenta varrer para debaixo do tapete o lado Dionosiaco da vida.
Bem hajas Anita:-)!
Como te entendo Ana... talvez eu um Dia também o possa fazer, por agora só me resta sonhar que o Norte vire o Sul que é - ou que só pode ser.
ResponderEliminarEssa gente de que falas pode falhar muito mas numa coisa não falha... na que é principal... em serem o que são.
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