Socorroooooooooooooo!!!!!
Aqui vai a cópia de um comentário a propósito da morte de Arthur C. Clarke que deixei noutro blogue:
"Sempre que revejo o "2001 - Odisseia no Espaço" do Kubrik (grande Senhor, com S grande) fico tristíssima ao dar-me conta do que poderia ter sido a aventura espacial e acabou por não ser ... Quando terminou a Guerra Fria, os Americanos e os Russos, numa lógica economicista de caca, deram-se conta de que não dava mais lucro político andarem a exibir-se uns aos outros com programas espaciais ...
E aí se viu que ao programa espacial norte-americano e soviético faltava a qualidade essencial para assegurar o sucesso de uma tal ventura - Heroísmo ...
Foi também nessa altura que abandonei o sonho de menina de um dia trabalhar para a NASA e me virei para as Ciências Sociais. Primeiro de uma maneira mercenária - Queria o "status", a dinheiraça e o "glamour" de ser funcionária da UE - Ir à Ópera ao "Palais des Beaux Arts", passar fins-de-semana em Paris e Budapeste, limpar-me da "chunguisse, atraso e ignorância Tuga" que os anormais de muitos adultos diziam ser real, casar com um Belga, Francês ou Alemão e assim ter um marido que fizesse metade da lida da casa (sim, filha, fia-te na história da carochinha, fia-te ...), ter uma reforma choruda, cinco semanas de férias anuais a torrar o cu nalgum "Club Med" à volta do mundo ou a contratar nativos para carregar a mimha tralha em "eco-aventuras", viver num país onde as coisas "funcionassem", fossem "ordenadas" e houvesse "disciplina e transparência".
Tomei a pílula vermelha do Matrix quando a própria UE me mandou numa missão de dois anos para a Delegação no Brasil. Aí dei-me conta da treta em que me tinha metido e descobri os vastos horizontes que a cultura Lusófona nos oferece. Também me dei conta que tudo aquilo que descrevi no parágrafo anterior era um preço demasiado baixo em troco da minha criatividade e liberdade. Se passasse o resto da vida a arquivar papeis e a ser mais um elo de uma cadeia burocrática acabaria por dar em xoné mais cedo ou mais tarde.
Quando voltei a Bruxelas entrei em depressão: Depois de dois anos a curtir o caldeirão de culturas que é o Brasil, a viver em profunda comunhão com a Natureza e o Cosmos, a ter experiências místicas de vários tipos, a estudar xamanismos e espiritualismos de várias espécies, a viver cada momento como se este tivesse sido extraído de algum romance de realismo fantástico, o dia-a-dia dos funcionários da UE e dos círculos concêntricos de advogados e lobbyistas que rodeiam as instituições comunitárias pareceu-me de um aborrecimento descomunal. Os meus amigos, que entretanto tinham acabado os mestrados e começado a trabalhar, a se orgulharem imenso por passarem das 9 às 23h todos os dias no seu escritório de advogados, achando isso o cúmulo do sucesso, todas aquelas senhoras e aqueles senhores muito cinzentinhos, muito aprumadinhos e comportadinhos, muito recalcadinhos, muito o orgulhozinho da sua mamã cujo filhinho ou filhinha ganha tanto dinheiro e trabalha para uma institutição tão importante, com autênticos vulcões de energias não vividas a revolver-lhes as entranhas ...
Bem, o resto da história já tu sabes: mandei tudo às urtigas e vim para os "states", onde me pagam para fazer a pesquisa que eu quero - formas de desenvolvimento guiadas pela vontade e iniciativa dos povos, não das organizações internacionais - e passar parte do ano no Brasil, que é o meu vício, a minha droga, o meu amante.
Ah, ter o melhor e o pior da Humanidade alí escrachado à frente dos nossos olhos, no seu tenebroso esplendor ...
O cheiro a sangue, a esperma, a mijo, a dendê, ao mar, a floresta, a feijoada, os sons inebriantes da guitarra e da bateria ...
O sentir-me fera cada vez que me preparo para sair de casa e subir o morro - sapatos de sola de borracha para poder correr na eventualidade de ser apanhada no meio de algum tiroteio, as chaves, a carteira e os documentos escondidos no local certo, os cinco sentidos no alerta máximo, o ler as entrelinhas de cada ser humano que se cruza comigo, a intuição mais afinada do que nunca, o sentir que me crescem olhos na nuca e que Deus e o Diabo se abraçam na minha mente ...
Faltam poucas semanas para lá voltar, desta vez por um ano ..."
E porque não, entre um extremo e outro, o caminho do meio que é Portugal ?
ResponderEliminarÉ esse caminho que eu quero seguir depois de terminar o Doutouramento;-) ...
ResponderEliminarComo dizia a Natália Correia e eu escrevi num E-mail aod meus colegas da Comissão Europeia no dia em que me fui embora:
"Chegou a hora sagrada em que os Deuses exigem a desobediência. A partir de hoje, se alguém quizer encontrar-me, que me procure entre o riso e a paixão."
Não! Não tragam essa senhora para Portugal! Não queremos continuar a ser vítimas da brutalidade republicana! LOL!!
ResponderEliminarO meu querido Klatuu/Lord, eu nao faco mal a uma mosca;-) ...
ResponderEliminarEm vez de me condenarem ao exilio eterno, que tal mandarem para o exilio (de preferencia para o planeta Marte) os senhores banqueiros e os representantes das multinacionais que nos governam?
Alem disso, Klatuuzinho/Lordinho do meu coracao, essa ideia de que retaurar a monarquia iria resolver of problemas todos do Pais me parece uma ilusao levada da breca, que depois levaria a um tremendo balde de agua fria ...
Não se fosse a monarquia republicana do Agostinho da Silva !
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