terça-feira, 1 de abril de 2008

Resposta ao Paulo Borges

É mesmo verdade: Tudo nos beija e abraça mas nós, na nossa visão e sentir limitados, recusamos todo o Amor que o Universo nos dá. Com muita frequência, aprendemos cedo demais a não gostarmos de nós mesmo, a imaginarmo-nos “menos que” e por isso obrigados a mostrarmos que somos “tanto quanto” para nos sentirmos merecedores de viver.

Á custa do desamor de nós mesmos e das desilusões com a vida que tal desamor propicia, aprendemos a rejeitar, por vezes de forma violenta, todos os “mimos” que o Universo nos oferece, pois no fundo de nós mesmos temos medo de que sejam condicionais, que tragam consigo a expectativa de que nós tenhamos de provar que somos “tanto quanto”, ou então que nos sejam tirados da mesma forma inesperada e incontrolável como nos foram oferecidos.
Por isso, com muita frequência preferimos nos acomodar a um cinzentismo sem grandes sobressaltos do sentir do que correr o risco de entrar na montanha russa que é a aceitação dos “mimos” que o universe nos oferece.

Digo isso pois eu própria padeço (e quanto) desse pecado. Que vocês e o Universo inteiro me perdoem.

“Existe a noite, e existe o breu.
Noite é o velado coração de Deus
Esse que por pudor não mais procure.
Breu é quando tu te afastas ou dizes
Que viajas, e um sol de gelo
Petrifica-me a cara e desobriga-me
De fidelidade e de conjura. O desejo
Esta da carne, a mim não me faz medo.
Assim como me veio, também não me avassala.
Sabes por quê? Lutei com Aquele.
E dele também não fui lacaia.”

Hilda Hilst (Do Desejo, 1992)

3 comentários:

  1. Hoje, se quiseres, meditamos...
    Trago lembranças da viagem, símbolos de "embarcadiço"

    Quantas vezes morri
    Na sombra onde os pinhais
    Embalam a forma
    Aérea do mar?

    Quantas vezes dormi
    No pensamento
    De uma vaga obscura
    - Corpo submerso
    Nas primeiras águas -
    Antes de haver ouvido
    Para a voz que é o mundo?

    Quantas vezes morrerei ainda
    Antes que a dor sossegue
    E o coração se una
    Aos quatro pontos cardeais
    Do círculo que é o mundo?



    Cinco pontas tem a estrela
    E no centro, em luz, o fogo arde
    Cinco, os dedos da mão,
    E quatro, os pontos cardeais
    A terra é una
    E o homem só
    Segura na mão o fogo da palavra.



    O cego leva de encontro ao peito, a luz
    E, no labirinto iluminado,
    As deusas seguem o branco dos olhos,
    Caminham em busca desse fogo
    Que está mesmo no centro,
    A arder, dentro do coração.

    Muita ternura
    Um sorriso:)
    Muita Paz

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  2. Morreremos tantas vezes quantas forem necessarias ate visitarmos, partilharmos, vivermos e transcendermos de todas as matizes da experiencia humana.

    Ansia de sermos nos e tudo ao mesmo tempo ...


    Um abraco terno
    Um sorriso:)
    Muito carinho e muita Paz

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  3. Um forte abraço, Ana Margarida...

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