- Sinto-me só, toca-me!
- O que queres tocar?
- Deixa-me tocar o teu vestido...
- Podes tocar o meu vestido! :)
- Ahhh! Sinto-me tão bem, tão acompanhado... Mas... é pouco... Deixa-me também tocar a tua face.
- Sim, toca a minha face!
- Ahhhh! Que Beleza, que Suavidade, os teus pais souberam-te fazer, que delícia, que perfume. Deixa-me tocar também o teu pescoço...
- Podes...
- Ahhh!! Que formas, que delícia, deixa-me, o ombro...
- O ombro agora...
- Ahhh!
- ...
- O seio...
- O seio... :)
- Ahhh!!!!
- (sorriso...)
- Posso? (tudo)
- Sim (sorriso)
- Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ...
- Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... Ahhhh!!! ... AAAAAHHHH!!! ...
(ambos) ... AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHH!!! ......
- Foi bom tocar-te, gostei tanto!
- Achas que me tocaste?
- Claro! Não sentiste? Até te "vieste" como se costuma dizer! Perto mais perto não há!! ^_^
- Ah! Sim! Claro! Eu vim-me. Mas será que vim até ti? Ou será que apenas me vim?
- (espantado, passado um bocado responde...) Eu toquei-te, disso não tenho dúvida, e senti-te, até ao fundo, senti-me a mim também (nunca ouviste o "espalhem a notícia"??), não me sentiste?
- Senti a tua energia, senti o teu desejo, senti o teu desespero, senti a tua ângustia, senti o teu prazer, senti a tua felicidade, senti a tua pujança, senti a tua força, vibrante... Senti muitas coisas, mas todas essas coisas eram coisas que sentias, capas que vestias, toquei todas essas coisas, não te toquei a ti, que tens ou podes ter muitas mais máscaras, sentimentos e vontades...
- Não digas isso, fazes-me sentir...
- Sim...?
- Fazes-me sentir... Só...
- Percebo porquê!
- Claro, tás-me a fazer sentir-me mal, como se isto que se passou, e que foi maravilhoso, afinal não passasse de um encontro superficial. Achas que sou mau amante é? Tiveste outros que te fizessem sentir melhor? É isso??
- Nada disso! Poderia ser virgem e tu o meu único homem. Não é isso. Não é por isso que te sentes só. Sentes-te só porque olhas para o meu vestido, para as minhas vestes, para os meus cheiros e desejos, para os meus movimentos e prazeres, olhas para tudo isso. Mas isso está de passagem, isso não sou eu. E como olhas apenas para os reflexos, para os espelhos, as imagens, as fotografias momentâneas que eu escolho ou por acaso represento neste ou naquele momento, ficas condenado a estar sozinho. Nunca me sentes. Sentes apenas os reflexos. Vais longe, vais fundo, mas nunca me tocas realmente... Nunca, nunca me conheces, nem próximo.
- E como posso fazer isso. Num orgasmo maior?
- Primeiro tens de ver como eu sou. ... OLHA!! (fica parada a olhar para ele)
- Tá tudo igual! (tás a gozar comigo?)
- Vou dançar para veres! (dança)
- Hummm... (vê-a dançar)... ainda acho que há bocado era melhor!! ^_^
- Agora repara (põe-se a fazer posições estranhas, como um urso, a uivar como um coiote, tudo...)
- (ri-se) eheh, que raio, o que é que me estás a tentar mostrar??
- Repara bem! Eu posso ser tudo. O teu pior inimigo, a tua mais quente amante, o teu amigo fiel, o vendedor traidor.
- ...
- São capas que visto para te impressionar, para me impressionar, para brincar, para ver se posso, se passa, se consigo montar o engodo!
- Então quem és afinal?
- Sou inodor, incolor, sem sabor...
- hummm...
- Sou Liberdade pura, sou como tu, sou TU!!!
- ahhh! (és maluka!! é isso ^_^)
- Por isso não estás só, nem eu estou só. Porque não temos peculiaridades que nos definam. Somos indefinidos absolutos. Potencialidade inexprimível, invisível do exterior, incomensurável, que nenhuma consciência pode tocar mas apenas espelhar em bokadinhos infinitesimais...
- ãh ãh (assente enquanto pensa: chaladinha de todo esta ^_^)
- Então?
- ... ?
- Queres fazer amor outra vez?
- SIM!!!! SIM!! SIM!!!! ^_^
- Mas desta vez fico eu por cima, vou-te mostrar umas coisas!! ^_^
- Já começaste!! (E eu vou mostrar-te quem sou!!) ^_^
ola,
ResponderEliminarde quem é a fotografia?
Há muitos intelectuais "bem cotados" que afirmam que a ideia que o ser humano tem uma essência é retrógrada, reaccionária e impede a liberdade. Por isso reduzem o ser humano a todos esse conjunto de máscaras, a uma "máquina produtiva e desejante", como afirmam Adorno e Horkheimer. O pior é que é tão fácil satisfazer os seus desejos imediatistas como é transformar essa máquina numa peça impessoal de um sistema cujo sentido é o de meramente reproduzir a satisfação imediatista de desejos imediatos "ad infinitum", dessa forma alienando o ser humano da sua própria liberdade.
ResponderEliminarAdorei o teu texto, que chama tão bem a atenção para esse facto e por isso é tão cheio de ternura:-)!
Olá Venusinfurs, a foto é da Regina. Eu gosto muito de ler o Osho, mas não gosto da cena de ele fomentar discipulos (muita treta que ele põe para cima deles). A Regina para mim é uma espécie de Osho que já não precisa de discipulos.
ResponderEliminarOlá Ana, não conheço os autores de que falas, o que posso dizer é que isto é um simples texto de amor, inspirado pelo amor, e que busca o amor. Em última análise (na minha pouca experiência) o amor conduz à dissolução das fronteiras num mundo de puro Encontro e Ecstasy - Liberdade sem fronteiras! Dois puros Sagrados que se descobrem Um!!
Também tenho gostado muito dos teus textos e poemas, Gracias!! ^_^
gostei muito da foto, achei que ilustra muitissimo bem o texto. é uma foto muito pura, inspira-me candura.
ResponderEliminarobrigada pela resposta :)
Mas como pode haver amor onde deixa de haver relação ? Não é a diferença e a separação a condição do amor ? Abunda por aqui a mística da fusão indistinta... e da desresponsabilização de ser... Em meu nome querem acabar comigo !...
ResponderEliminar^_^ eheheh que engraçado! O amor de facto leva à relação, daí que este texto seja o fruto do amor, ainda por cima apaixonado! Mas que depois compreende que é muito melhor não o concretizar (no sexo, na amizade, etc) porque a verdadeira realização desse amor não é tanto no gesto mas na compreensão da indistinção: esse amor já vive em nós, já somos nós. E isso é melhor, mais profundo, mais verdadeiro, mais salutar, mais pleno e satisfatório, do que qualquer acto ou técnica sexual por mais bem que saia.
ResponderEliminarJá agora, à venusinfurs: gosto muito do que escreves, assim como da Joana Serrado e do seu blog!! Obrigado também por partilhares. Há um vídeo da Regina que mostra bem a sua simplicidade, é este.
Falam de mim como se fosse um ser... e ainda por cima indistinto... Nunca me conheceram...
ResponderEliminarA testosterona é a kryptonite do Amor.
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