segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Desafios

“Esta atenção ao momento presente é de algum modo o segredo dos exercícios espirituais. Ela liberta da paixão que é sempre provocada pelo passado ou pelo futuro que não dependem de nós; ela facilita a vigilância concentrando-a no minúsculo momento presente, sempre domável, sempre suportável, na sua exiguidade, ela abre enfim a nossa consciência à consciência cósmica tornando-nos atentos ao valor infinito de cada instante, fazendo-nos aceitar cada momento da existência na perspectiva da lei universal do cosmos” – Pierre Hadot, Exercices Spirituels et Philosophie Antique, pp.27-28.

“Não é na alma de outro que está o teu mal; não está também numa modificação ou alteração do meio exterior. Onde está ele então ? No lugar onde reside em ti o que julga acerca do que é mal. Então, que este juízo não tenha mais lugar e tudo está bem” – Marco Aurélio, Pensamentos para mim mesmo, I, IV, 39.

“[falando da experiência do Uno pela alma] […] então ela vê-o aparecer subitamente em si; nada entre ela e ele; já não são dois, mas os dois não fazem senão um; não há mais distinção possível enquanto ele está lá (vejam a imagem disso no amante que quer confundir-se com o amado); ela não sente mais o seu corpo, porque está nele; ela não diz mais que é um homem, um ser animado, um ser ou o quer que seja; contemplar tais objectos seria romper a uniformidade do seu estado; e ela não tem ocasião nem vontade para tal” – Plotino, Enéadas, VI, 7, 34.

“As cinco aflições que perturbam o equilíbrio da consciência são: ignorância ou falta de sabedoria, ego, orgulho do ego ou o sentimento do “eu”, apego ao prazer, aversão à dor, medo da morte e aferrar-se à vida” – Patañjali, Yoga Sutras, II, 3.

“[…] as formas são vacuidade e a vacuidade, ela mesma, são as formas: a vacuidade não é diferente das formas e as formas não são diferentes da vacuidade. A vacuidade é o que as formas são e as formas são o que é a vacuidade. O mesmo para as sensações, as representações, as formações e as consciências” – Sutra do Coração do Conhecimento Transcendente.

“O reino dos céus é a impassibilidade da alma, acompanhada da ciência verdadeira dos seres” – Evagro, o Pôntico, Practiké, 2.

"No meu nascimento (eterno) nasceram todas as coisas e eu fui a causa primeira de mim mesmo e de todas as coisas; e, houvesse eu querido, nem eu seria nem todas as coisas seriam; mas, se eu não fosse, então também “Deus” não seria; que Deus seja “Deus”, disso sou eu a causa primeira; se eu não fosse, então Deus não seria “Deus”” – Mestre Eckhart, Beati pauperes spiritu…, Sermões Alemães.

Sem comentários:

Enviar um comentário