quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Julgamento
Numa ilha escura e hirta, repleta em paisagens de heresia sonhadas em meio ao delirium tremens de algum órfão, o povo agachado – em se tratando de um burgesso solitário haveria desculpa – esse povo se engana com tais heresias babadas
Atravessam-se dolorosamente com máscaras de cómico sem graça, os postulados de quaisquer estruturas sejam elas ou não feitas da matéria dos seres vivos... Grande pateada com champagne e cigarros de marca branca, como se estivessem num jogo de futebol
Dizem olá à eternidade com tamanha desfaçatez virada nos copos e chupada nos cigarros que se tocassem um violino atrás das colinas, sairia num estertor opaco do violino estuprado
Surdos e grossos como pedregulhos que um pé empurra para o precipício a comprar tabaco ou a girar um grogue entre dedos
Enrolado a tapetes de arraiolos
A foto tirada ao conjunto de roupa enxovalhada e enodoada, a guerra do Peloponeso do avesso
Esses pequenos pedregulhos rodeados por Oceanos leoninos onde se estrangula qualquer veleidade pela via de todas essas ondas
Do prólogo ao êxodo, o epidauro da natureza – entrada do coro a dançar e a cantar – gotas de chuva a entrarem em águas zangadas
Impetuosas, divinas no Ocaso, impacientes na sua ferocidade e pouco se importando com a quantidade de corpos inchados que bóiam depois da sua passagem
Leis omnipotentes, não as queiram, não as queiram ouvir. Preferem as angústias da porta a bater no escuro, da ilha amarfanhada como papéis de velho louco
Como ondas do pensamento, exactamente, se plasticinam em recurso a estas metáforas, as zangas dos mortais
Pensamento. Pensamento?
Algo de recurso estético tirado dos sonhos ou das páginas da natureza para um boneco mole escarrapachado numa cadeira rodeado por todos os lados
Que nem sabia se as águas lhe molhassem apenas os pés num Ganges a ferver...
As torpes magnitudes que observaria numa praia, em pleno Janeiro, e que o enrolavam mesmo não querendo, nem por isso seriam diferentes
Era portanto o acto de sorver beijos da Têtis hedionda, cortejar a sublime dialéctica, porventura escrevendo o poema em papel barato
Um Eu ratificado universalmente por aspas, sublinhado mesmo
O que o empurrava, descendo escadas levado por Ondas aos novos segundos que se sucediam aos derradeiros, aniquilando-os como se faz a uma formiga
Compreensão pura?
Quereria - será que poderia? – dourar a constância de algo que somente se nomeia e constata numa ode feita aos que nela sofreram, afogados abjectos e pescadores patéticos naufragando a gritos de puta batida agarrada ao cu, numa introspecção
Na sensação de se entender apenas pessoa.
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4 comentários:
C' um carago, pá! JCN
não seja piegas JCN!
Tenha tento, pá! JCN
Que porra de prosa, pá! JCN
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