O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 2 de novembro de 2008

Dos Arquétipos do Ideal Português às Instâncias da Realização de Si - X

Império

Império é toda a vacante e gloriosa irradiação do sem quê, porquê ou para quê de ser possível haver alguma coisa e o nada que nem sequer o é. Império é a esplendorosa nudez de tudo e da consciência de a haver. Império é a sempiterna pujança da desmesura das coisas. Da nossa desmesura. Da desmesura de estarmos aqui, na infinita fragilidade de não sermos mais que Infinito.
No Império radica todo o poder, o poder do infinito poder ser, como na impotência radica todo o desejo de poder ou aquele poder aparente que não é mais do que submissão ao desejo de dominar. O poder, ou seja, a escravidão, pelo qual se luta. Pelo qual se mata e morre.
Mas o Império não é deste nem doutro mundo. É o próprio mundo antes de o haver, antes de o imaginarmos algo e a nós alguém, pura e ilimitada virtualidade sem sujeitação-objectação possível. Por isso não tem Imperador e está repleto deles. Cada um dos fenómenos e instantes de percepção o é. Porque tudo, a cada instante, é original, perfeito e puro. Sagrado.
Mesmo a inconsciência de o ser.

É por isso que, Agora e Sempre, e por sermos nevoeiro:

É a Hora !

2 comentários:

Anónimo disse...

Venha o imperialismo deste Império!

Anónimo disse...

Porque é que é sempre a Hora e nunca é!?