sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Mais de "Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres", de Clarisse Lispector
(Do blogue patimartins.blogspot.com)
"...Mas olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada.
Temos construído catedrais e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos.
Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo.
Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda......
Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que a nossa indiferença é angústia disfarçada.
Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe......
Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos.
Temos chamado de fraqueza a nossa candura.
Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isto consideramos a vitória nossa de cada dia..."
"...Mas olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada.
Temos construído catedrais e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos.
Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo.
Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda......
Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que a nossa indiferença é angústia disfarçada.
Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe......
Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos.
Temos chamado de fraqueza a nossa candura.
Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isto consideramos a vitória nossa de cada dia..."
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8 comentários:
"Tantas mãos para transformar este mundo e tão poucos olhares para o contemplar!"
Julien Gracq
Ana,
Não percebeste nada... que tristeza!
Podes dizer entao o que nao percebi, contemplativa?
Contemplo...
Ia precisamente transcrever esta passagem...
Contemplativa, nao sera que existem seres humanos com mais propensao para a vocacao e outros com mais propensao para a accao?
Nao sera tudo uma questao de vocacao e de aptidoes desenvolvidas gracas aos genes e as experiencias que a vida nos oferece?
Quem nos disse que a accao e inferior a contemplacao?
Porque entao moralizar?
ha!hahaha... que ironia!gostei do seu comentário paulo borges.
mas o teu silêncio, contemplativa, deixa-me saudoso... ah,quantos silêncios entre nós havia!"comigo você falará sua alma toda, mesmo em silêncio."
Oi gente, voltei! Tava morrendo de saudade de todos vocês! Pessoal, me aceitam de volta nesse barquinho?
Um abraço!Parabéns!
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