
Descalçava as pequenitas sandálias despia a linda túnica branca soltava os longos cabelos azuis enrolados atrás da nuca e, de um movimento apenas mergulhava fundo nas águas profundas deste rio. O Rio que tão bem a conhecia. Mas um dia houve em que a Dúvida, após andar horas a fio rio abaixo rio acima sentiu necessidade de regressar à segurança da Margem... Nesse preciso momento percebeu o quão longe estava dela, o rio tornara-se demasiado largo à medida que avançava até ao Mar. Reuniu todas as forças que lhe restavam, traçou um rumo seguro para evitar a corrente e seguiu este caminho; quase já sem energia. O vento estava de feição, a corrente abrandara e a Dúvida, agora banhada por lágrimas de alegria viu a sua Vida andar em frente, rumo à escarpada Margem que lentamente ia crescendo a seus olhos... e gritou alto. Muito alto gritou a Dúvida para que a Margem lhe desse a mão. Os últimos pedidos de socorro roubaram-lhe o que restava da mínima energia reservada. E a Dúvida sucumbiu descendo lentamente em direcção ao fundo... profundo Rio que a recolheu em seu leito. Silhueta azul que até hoje aí descansa... Moral da história? Não há Margem para...