terça-feira, 1 de novembro de 2011

SONHO


como se morto
mas não morto
estendido sobre a cama
teu corpo

meio dobrado pela cintura
de borco
sobraçando em sonho
seu eterno
ursinho de peluche

velado até às ancas

lembra o fim do pesadelo
do GRITO
de Eduardo MUNCH

41 comentários:

  1. A vida do ser humano
    é um dilacerante GRITO
    de protesto e desengano
    por nascer ser um delito!

    JCN

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  2. magnífica a sua QUADRA

    é um desafio?

    abraço

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  3. Longe de mim, caro Amigo,
    pretender desafiar
    quem de modo algum consigo
    às suas botas chegar!

    JCN

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  4. À laia de comentário,
    quis apenas realçar
    o seu texto literário,
    veramente singular!

    JCN

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  5. aí vai então
    :
    toda a vida é um conflito
    nascido de dois contrários
    -passamos a vida aos gritos
    como em gaiolas canários

    em que os seus cantos bonitos
    -por nós não sermos canários-
    não os sabemos aflitos
    gritos de presidiários

    receba então o tal abraço de admiração pelo seu trabalho

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  6. Platero, em luta comigo,
    leva-me sempre a melhor:
    em meus versos não consigo
    ser aos seus superior!

    JCN

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  7. A sério, amigo

    o senhor é um bom poeta
    e é sempre agradável trocarmos estas nossas brincadeiras.
    os seus sonetos - se os tem guardados- não duvide, serão um dia reconhecidos.

    Penso o mesmo de mim:
    nem sequer tenho trabalhos publicados
    mas por vezes gosto do que escrevo.
    Das palavras que vêm ter comigo e teimam em mostrar-se como poesia.

    afinal, somos ou não amigos?
    ouso portanto pedir-lhe que não insista em subestimar as suas inegáveis qualidades

    E a nossa amiga Isabel? Também não era razão para nos abandonar. Temos que trazê-la de volta-
    Abraço para si, Beijinho para ela

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  8. Para Platero, que me deixou refém das suas estimulantes locuções de apreço:

    Sonetos como os meus, meu caro Amigo,
    outros não há na língua portuguesa;
    permita que lho diga, na certeza
    de mais que privilégio ser castigo!

    Os dias passo, em forma habitual,
    a castigar meus versos, lanço a lanço,
    termo após termo, sem nenhum descanso,
    até chegar à perfeição total!

    Longe de me gabar, ouso dizer
    que poucas vezes houve quem fizesse
    sonetos como os meus, fique a saber!

    Um dia, quando todos publicar,
    o que aliás não sei quando acontece,
    não deixará ninguém de me exaltar!

    JCN

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  11. Para F. W. :

    Vossemecê, sem saber,
    não terá no cavaquinho
    uma corda um bocadinho
    desafinada... a ranger?!

    JCN

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  13. Com versos deste jaez
    vossemecê desafina
    qualquer orquestra um vez
    que prefere a concertina!

    JCN

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  14. Voltemos aos sonetos, ao som dos violinos:

    Sonetos é comigo, variados,
    sem falhas de cadência e de sentido,
    harmoniosamente acomodados
    a todo e qualquer género de ouvido.

    De Petrarca a Bocage e a Camões,
    que tenho por modelos, vou tentando
    ir mais além do que eles nas versões
    que me permito dar de quando em quando.

    Cada palavra está no seu lugar
    a preceito escolhida por maneira
    a nada nos meus versos destoar.

    Além do amor, meu preferido tema,
    tudo o que tem valor ou tem craveira
    em meus sonetos cabe por sistema!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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  17. Por que é que não tenta a prosa
    que é menos laboriosa?...

    JCN

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  19. Os sonetos não têm terra,
    em toda a parte se dão:
    a questão que o caso encerra
    é quem toca o violão!

    JCN

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  21. Que distantes nós estamos
    da concepção do soneto,
    que no meu caso concreto
    árvore é de muitos ramos!

    JCN

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  22. Entre Poetas a sério
    não se resolve à pancada
    qualquer conversa fiada,
    pois seria um despautério|

    JCN

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  23. Não é ciência ou racismo
    ou mesmo ódio o que me guia,
    mas tão-somente o humanismo
    traduzido em poesia!

    JCN

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  24. Retornemos ao soneto, ao meu jeito:

    Sonetos mais perfeitos do que os meus
    em parte alguma os há: são burilados
    ao som dos violinos afinados
    pelas estrelas a girar nos céus!

    Não temo o seu confronto com quaisquer
    poetas de maior notoriedade
    quer na harmonia quer na qualidade
    face à maneira minha de dizer.

    São vários seus motivos e sentidos,
    mas sem dúvida alguma os preferidos
    são desde logo os temas do humanismo.

    Confesso que, apesar de naturais,
    quase espontâneos, fáceis e banais,
    um laivo há neles de preciosismo!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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  25. Versos toscos não assino
    por coisa alguma que exista:
    na condição de humanista,
    a excelência é meu destino!

    JCN

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  26. Tudo o que havia a dizer
    já foi dito e repetido:
    hora é, pois , de recolher
    sem vencedor nem vencido!

    JCN

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  31. Repito:

    "Que distantes nós estamos
    do conceito do soneto"!

    JCN

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  33. Pobre cisne... a ter de rimar com "metálico"!... JCN

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  34. Poesia que "foge", cara Senhora, não deixa de ser poesia! JCN

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  35. Antes de "explicar", cara Senhora, leia o que Vinicius escreveu sobre a especificidade do soneto, em que ele eximiamente se afirmou sem ter de recorrer à "piroseira" referência aos "nacarados" astronautas!

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  36. "O soneto é uma grade"
    onde a poesia tem
    de caber como refém
    da sua modicidade!

    JCN

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  37. REVIVALISMO

    Sonetos, sim; voltemos aos sonetos,
    bem feitos, musicais, harmoniosos,
    fluentes, espontâneos, engenhosos,
    por mais que os intitulem de obsoletos!

    Já foram os poemas predilectos
    para exprimir em versos primorosos
    conceitos, sentimentos grandiosos
    em duas quadras só mais dois tercetos.

    Tornado ultimamente, sem motivo,
    objecto de museu, na prateleira,
    importa demonstrar que ainda está vivo.

    Que mais não seja, em honra de Camões,
    que volte a ser, de idêntica maneira,
    o porta-voz das nossas emoções!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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  38. Só por si a maresia
    e cisnes fálicos não
    constituem condição
    para existir Poesia!

    JCN

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  39. Por agora vou parar,
    pois são três mil os poemas
    que abordando vários temas
    tenho já para editar!

    JCN

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