Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
domingo, 2 de outubro de 2011
VÁ PARA OS BRAÇOS DE MORFEU
“A terra dos sonhos foi localizada em algum lugar no submundo, provavelmente perto do domínio da Noite e seus filhos. Poetas muitas vezes se referiam a dois portões principais do reino dos sonhos. Um portão tinha molde de marfim serrado, o outro de chifre polido. Sonhos falsos passavam pelo portão de marfim, enquanto verdadeiros sonhos proféticos asavam a sua saída pelo portão de chifre. Houve também quem disse haver um olmo murcho no domínio de Morfeu, sobre o qual os sonhos tratados pelo Onírico eram pendurados, com o semblante de asas-fantasma-forma saindo para a noite para se suicidarem, esgotados pelos desejos humanos.”
Um cansaço bíblico chega, qual mastodonte correndo pela planície durante meses a fio. E baloiça com seu momentum cansando homens e mulheres que tiram as roupas encharcadas de trabalho persistente
Acendem cigarros, enrolados por mãos tremebundas, cansados como retratos de gente cansada
Sacodem a roupa, acendem o último cigarro
Cansados como retratos de gente cansada cristalizando por arquétipos, esfaimados com raiva cega por absurdos. Atiram-se a suas enxergas, como os mastodontes desfalecendo no fim do caminho; e se encasulam para renascer na dobra de lençóis com piolhos
Sendo certo que por tais momentos, as paisagens se reconstroem placidamente... Açucaram-se em monumentalidades estupradas por gargalos de garrafas e enroladas nos últimos cigarros tremidos
Coros silenciosos colam na epiderme baça, choram um uivo, rezam um consolo despenteado nas dunas desses lençóis. Se abafam num sono de papel para comprovar a nação de maravilhas onde querem alternar
São os cansados que dormem num caixão de veludo masturbando a saudade em várias formas. Um pesadelo ou acontecimento faustoso não tem diferença para o ideal consumo do ópio em pratos invisíveis
Mas no seu sono ainda são sonâmbulos, pálidos restos desdobrados em ridículos teatros de mastodonte e lençol. Vasculham alegrias mirradas pela voragem dos dias nos caixotes de lixo das coisas imateriais...
Onde vão comprando caro as fantasias melifluas sob a lua amarelada, em sentido, falsa. Prosseguindo o estado repetido de asas de não-sei-quê a bater na cara.
Que é feito da "saudade do futuro"?... JCN
ResponderEliminarJCN?
ResponderEliminarretornou da mansão do Hades?
bemvindo de volta ao patético mundo dos vivos, caro manipulador de marionetas (em poesia claro está)
Ai, credo! Que a invocação de Morfeu abriu a Caixa de Pandora! JCN é mesmo um homem?
ResponderEliminarCoelacanto provoca maremoto, adoro tsunamis, mas sem morfina, please :)
"Hades" ou "ades", em lugar de "hás-de", do verbo "haver"? É que, em terras beiroas, há também quem diga "adem" por "hão-de"! Que "manipulação"! Efeitos da "morfina"? Até pode!... JCN
ResponderEliminarComo à Eurídice do mito,
ResponderEliminarderam-me autorização
para vir a esta mansão
dar o dito por naão dito!
JCN
Sim, não entre é na onda de dar o desdito pelo prescrito, senão damos todos em uníssono um grito :)
ResponderEliminarPode gritar à vontade
ResponderEliminarque não me afecta os ouvidos,
dado que, além de entupidos,
estou surdo pela idade!
JCN
Era um mero exagero, Sua Sumidade,
ResponderEliminarNunca gritaria aos tímpanos de uma pessoa que revela uma certa idade, por uma questão de civilidade :)
E por que não também de humanidade? JCN
ResponderEliminarFique sabendo Senhora,
ResponderEliminarque me rendo inteiramente
ao valor da sua mente
e sua alma encantadora!
JCN