terça-feira, 19 de abril de 2011

Sisífo

Filho do vento, do crepúsculo, há sempre um amanhã.

4 comentários:

  1. Creio ter sido Camus quem escreveu que é preciso imaginar Sísifo feliz. Também acho.

    Absurda verdade como a que nos faz entrar pela manhã e “carregar” a pedra brilhante que aqui deixas:
    "Filho do vento, do crepúsculo, há sempre um amanhã." ...

    O que seja esse “amanhã” ou essa manhã, não sendo apenas connosco, é-o para o outro que em nós carrega essa pedra de luz cega. O que fazemos com ela diz respeito a todos. Está em nós fazê-la cantar, ainda que para dentro de um poço vazio. Porque a vida é um milagre maior que nos transcende, “há sempre um amanhã.” Até não haver o que há, mesmo depois disso…

    Um abraço, RMF.

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  2. "Um mundo que se pode explicar, mesmo com raciocínios erróneos, é um mundo familiar. Mas num universo repentinamente privado de ilusões e luzes, pelo contrário, o homem sente-se um estrangeiro. É um exílio sem solução, porque está privado de lembranças de uma pátria perdida ou a esperança de uma terra prometida. Esse divórcio entre o homem e sua vida, o actor e seu cenário é propriamente o sentimento de absurdo."

    CAMUS, Albert. 2004. O Mito de Sísifo, ensaio sobre o absurdo. Lisboa. Livros do Brasil. p.20

    Quanto ao resto, gratifico sim, a sua força, nenhumnome, pela qual conseguimos visualizar claramente essa luz que nos adentra e nos transpõe etéreos; são os poços altas torres, com água a brotar-lhes do cimo.

    Abro os braços, num abraço.
    Um abraço fraterno, nenhumnome.

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  3. Recebo nos braços essa pedra a arder, essa água que brota do cimo e transborda: não a do suplício de Tântalo, sedento de ambrósia,mas a que sobe as torres e amanhece, talvez, no mar.

    Quanto ao absurdo, reio que é desse mesmo ser estrangeiro e exilado no mundo "divorciado" ou "viúvo" do mundo que brota a mesma pedra iluminada, se quisermos, esquecida, durante o caminho que conduz ao cimo da montanha(condição da mortal humanidade,da sua queda irreversível. É nesse momento de subida, de caminho, que o homem se transcende, ou se esquece de si. Não por escravidão,mas por sua mesma libertação. É por isso mesmo que é preciso imaginar... Sísifo feliz.

    Um abraço.

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  4. Agradeço as suas sábias palavras.

    Um abraço também.

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