Deviam proibir as andorinhas,
que me trazem passados de Verão.
Deviam proibir as andorinhas,
que me evocam véus dourados de entardecer
e me cruzam de dor o coração.
Deviam proibir os seus aguçados gritos,
que me ecoam palavras entardecidas,
brisas tépidas de pálidas estrelas lavradas
e trazem cheiros de terras idas.
Deviam proibir os seus voos,
que desenham colinas de searas selvagens,
pintam anil no céu que escurece.
De voos embriagados,
trazem a promessa de um dia novo,
lembram que se estende o oceano mar,
para lá do horizonte...
No corrupio das suas últimas partidas,
chamam por mim e recordam-me,
abruptamente,
que de um sonho inesperado despertei,
que como elas não voo com o crepúsculo,
não me banho do ar dourado do anoitecer.
Com elas, não transponho a vastidão dos mares para além do sol.
Deviam proibir as andorinhas, que me lembram a liberdade...
Deviam proibir as lágrimas, que me rolam pelo rosto...
Deviam proibir que fossemos roubados à eternidade!
d'Ela fomos retirados; esparsos instantes na imensidão do tempo, que de si exclui o somatório de toda a nossa totalidade; sem memória, sem histórico, constantes; passados, presentes, futurizados; aquém e além infindos; efémeros, pedindo às sequóias que definam eternidade.
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