terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Dialogias...

Te amo, Eternidad. Ven fuego blanco
Que tiemblas en las cosas del abismo
Y vives dulcemente como un río.

Yo quiero deshacerme en tu ternura
Caído entre tus manos y tus labios,
Abierto ante el fulgor de la constancia.

Y quiero responder a tus palabras
Altas y silenciosamente erguidas,
O arder como las calmas subcelestes.

Como un lento rumor desmoronado,
Como una rueda obscura o destruída,
Estoy ante tu luz rosal e inmensa.

Apártame del negro monumento
Del profundo martirio de lo inerte,
O dime si también es alma todo.

Parcialmente conozco tu hermosura;
estás en lo que llamo lejanía,
Estás en los desiertos de mi pecho.

Estás en mi alegría más reciente:
Palacio moribundo de sonrisas,
Hiriéndome y cantándome. Te adoro.

En tus puras acacias transfiguro
Mi bárbara dulzura insostenible,
Mi externo desconcierto deshojado.

Eleva con mi voz los horizontes.
Te amo. Sí, te amo, bloque ardiente;
Purísima catástrofe de lírios

(Excerto de "El Cordero"- Juan Eduardo Cirlot)

13 comentários:

  1. cada verso um poema

    puríssima catástrofe de lirios
    é um convite irrecusável
    a que o leitor se confunda
    com os escombros

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  2. Este poema faz-me estremecer, de ponta a ponta. Um daqueles raríssimos poemas que gostaria de ter escrito. Escreveu-mo ele, quando o li.

    É no leitor que germina o poema, é nele que se cria o infinito de sentidos de que nem o poeta suspeita.

    Um beijinho(um pouco febril, aqui da Maria.

    Outro para a Anaedera, doçura de pessoa!

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  3. De J.E.Cirlot, pobrezinho, caído assim aqui "de supetão" em serpentina graça, nada direi. Disse ele (quase) tudo o que pode ser dito: isto é, perto de nada. Já é muito.

    Algumas dúvidas, entretanto, cabem neste "perto de nada":

    Quando a febrilesca senhora postante-comentante se diz estremecida "de ponta a ponta" é geo-grafia ou sismo-grafia que devemos utilizar?

    Como a senhora fala "dos raríssimos poemas que gostaria de ter escrito", deduz-se que os que vai escrevendo não só não são raríssimos, como não são "gostados de escrever". Será? Bolas, minha senhora! :))
    (Eu, para aqui, a admirar o que a minha amiga escreve, e depois sai-se com uma destas!?)

    Quanto ao resto.
    Há o não-continente do poeta e há o continente do leitor.
    Aquele "escreve" no Aberto; este lê, conforme pode ou sabe, no Fecho do ferrolho de si.
    Aquele é relativamente cego-vidente e mudo-dizente; este, em parte um visitante cego e um surdo, diferente em cada dia.

    Imaginá-los co-incidir de sentido (ou sequer de non-sense) é, quanto a mim, temerário ou até temeroso optimismo.
    Ponto. E seu pesponto.

    Platero (bem ao seu jeito) deixou, entretanto, aqui um autêntico burrié poético madreperolarmente ofuscante:

    "puríssima catástrofe de lirios": "convite irrecusável/ a que o leitor se confunda/ com os escombros".

    É preciso ter puríssimos os escombros do irrecusar dos lírios, para escrever coisa assim! Uff!

    Por fim, o "Lindo!" de Anaedera é, bem ... lindo.

    "Te amo, Eternidad. Ven fuego blanco"


    P.S.
    O façanhudo do Lapdrey manda beliscões e dentadas!
    À escolha!

    "Del profundo martirio de lo inerte"!

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  4. (Aberto está um leque variadíssimo de respostas possíveis a este último comentário. Ou apagá-lo, por provocador, ou ironizar, no mesmo tom, ou retirar o post e apagar todos os comentários, - o que seria ofensivo para quem comentou - ou… ou… sorrir placidamente como se nada fosse… ou todas as coisas e nenhuma…)

    Ou… como tenho febre e tempo, responder-lhe:

    De “supetão” lhe saem as palavras, senhor MeTheOros…

    Vou responder-lhe ponto por ponto, deixemos por ora o pesponto…
    1. Os estremecimentos de alma são "sismos" imensuráveis e "geografias" do indizível.
    2. Não escrevo poemas para serem admirados;
    3. Só sorrio quando quero e para quem quero;
    4. (Estou de mau ou bom humor quando me apetece);
    5. Não é no “continente”, mas no “Pingo Doce” que se consegue “zero de incertezas e “zero de preocupações”. E, ao que consta, está sempre Aberto, até aos Domingos…
    6. O meu amigo está com um péssimo gosto para o “marisco”. Não gosto de “burriés” nem de “chulé com patas”. Todas as palavras que terminam em “é”, (até o pobre Cimabué não escapa), me soam mal às narinas, Deve de ser da gripe ou dos “escombros” dela.
    7. Lindo, é lindo, sem mais.
    8. Recebi as “dentadas” e os “beliscões”. Acho que mereço.
    9. Agradeço.

    P.S. (Não podia faltar...:)
    Vá-se catar, Ó Lapdrey!

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  5. Ah! Já me esquecia!

    E tire essa coisa branca da cabeça que lhe fica mal,para se poder catar melhor:))

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  6. Entre a resistência a reagir arrasando aqui toda a variegada humanesca vegetação e fauna blóguicas, a minha amiga, perdão, Amiga, logrou activar a fundo o ABS da costumeira verve. Muito bem.

    Compraz-me constatá-lo (aquilo, a minha amiga dá-me um valente estalo!): o que, obviamente, lhe é (e a mim também) in-diferente. Assim é que é bonito!

    A coisa vai melhor, portanto.
    A aparente calma quis-se acalmada para se acalmar da descalmaria: por certo, dos sismos palermas do parvalhão do re-actor metheorítico e lapdreíco.

    (Aqui, vou eu tomar o meu calmante asteróidico)

    Ah... e mando (não mando: envio) beijinhos - já sei que vou levar um valente arranhão!

    Ah, e obrigado a mim mesmo, por alhures me ter lembrado de tirar alguém do esquecimento em que eu mesmo havia caído.

    Valeu este abraço de "ódio", de um tão lindo anaedérico "Lindo!", a propósito do tão grande catalão.

    (Nós, nestas pequenezas de amofinos de outrem e parvoeiras próprias!)

    Valeu (como sempre vale).
    Valete!

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  7. (Pedindo desculpa aos outros bloguistas e Amigos por esta prosa dirigida a MeTheoros, respondo)

    Quando temos a tentação de arrasar, como sabe, é a nós mesmos que arrasamos. Deveria saber isso melhor do que eu. Fez muito bem em “controlar-se”, creio que se está sempre a tempo de aprender a contenção.

    Se, por outro lado, é a mim que se refere, tentando “adivinhar” quais os processos mentais e emocionais que me levaram a responder-lhe daquele modo, supondo que teria eu querido “arrasar” qualquer “fauna” ou “flora” bloguista, tire daí o sentido. Fui clara e concisa, quando lhe respondi a si. (Embora não isenta de alguma “ironia”, confesso).

    Não pretendo “arranhar” ninguém e menos ainda “andar ao estalo”. Nunca pretendi. Fere-me pensar isso.
    Na verdade, irrita-me, confesso (já lá vão duas confissões), a postura de certas pessoas que se pensam “donos da verdade” (como se soubéssemos o que ela é) e, em alguns casos, até superiores a ela, sem terem em atenção os outros seres. Magoa-me sempre que isso é dirigido aos outros, muito mais ainda do que se fosse a mim mesma. Feitios e “amofinos” por outrem.

    A palavra que usou só mesmo entre aspas e a brincar a uso. Sou incapaz desse sentimento. Fique sabendo.

    A esse catalão (veja lá o que o senhor sabe!) esse tal de J.E. Cirlot, também é indiferente o que os bloguistas pensam dele (bem basta o consultá-lo amiúde, pelo menos no seu dicionário de símbolos). Já agora, gostaria de saber a carga simbólica desse asteróide que o identifica. Deve haver um erro, mas não sei qual é.

    Continuo a achar o poema do catalão, sublime. Gostaria de o ter escrito. Também não sei por que digo isto, nem que importância é que tem a autoria, se ao poeta é retirada toda a “autoridade” a partir do momento em que o leitor o lê. Mas lá que é lindo, é. Por isso o coloquei aqui (com o título do post, como se percebe, a contextualizá-lo, sem “supetões”:) pese embora possa não o ser para outros leitores, ou até em outros momentos, para mim mesma.

    Continuo a gostar mais de escrever do que de ler e comentar. Pronto e ponto.

    Valente!
    Valete!

    P.S. Quanto a beijinhos, gosto. Não sei porquê, devo ser diferente de outras pessoas!...

    Acho até que gosto mais do que de dentadas e beliscões, porque será?
    :))

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  8. Pronto, Maria, vá lá! Tome lá um beijinho.
    Mas só um (e meio): dizem que cria habituação. E depois recria. Etc.

    E fique lá com a bicicleta Cirlot, à vontade. Eu prefiro caminhar, lendo o Dicionário de Símbolos do senhor Juan Eduardo: às arrecuas, de cabeça para baixo e sem óculos.

    Eu gosto mais mas não é tanto de escrever: é mais dessas "catástrofes de lírios" que tal doce hecatombe a que muitos chamam escrever (des)faz de/em mim, e do que disso resta (não resta) do que eu, mais por mera questão de hábito, chamo de mim e de (m)eu.


    P.S.
    Continua - todavia, contudo e entretanto - a parecer-me que pode haver (eu disse pode haver, não disse que há!) quem reaja a quente e depois, a quente ainda, escreva sobre esse re-agente e essa panela de pressão. Pode ficar gira a prosa, mas em geral fica um nadinha embaciada por isso, e também pela ausência do que lá "deveria" (poderia, melhor) estar e que, por via disso (e daquilo), não está.

    Apenas isso.

    (E depois eu é que escrevo muito!...) :)))

    P.S.
    Um dia (ou noite) destes, em que eu tenha muito que fazer, ainda mudo aqui de "avatar". A quadri-borbulha infinitesimal na testa do lulinha de olhos fechados parece incomodar a auto-esfinge ocular de certas e indeterminadas pessoas. :)))

    P.S.
    E, agora, vou-me embora, que vou fazer chichi. Pela testa: pois é para isso que serve aquilo, na testa do lula, que porventura incomode alguma pessoa.
    Ah, e vou inventar um símbolo cirloteiro para chichi virtual. :)))

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  9. Estou aqui à espera que arrefeça...
    ...................................
    com a febre não é fácil..............................
    Continuo à espera...................................................................................................
    Está quase nos 37º................................

    Afinal, acho que não merece resposta.


    P.S. Não gosto de linguagem rude, nem de "incontinência espiritual" nem virtual.

    Já tenho uma bicicleta Cirlot, vou dar mas é uma volta pelo infinito e mais além...

    A ver se não embacio o espelho com cuspo de prosa, para não utilizar outra escatológica palavra.

    P.S. Deve ser abjeccionista, este também! (pocaía!)

    Já não quero beijinho nenhum! Nem abracinho! Livra!:)))

    Fim de prosa.

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  10. Pronto. Mudei de humor.

    Trago uma bandeirita branca. Não consigo! Não consigo estar zangada com ninguém!

    Eu sou "Ninguém" e nem por isso me zango comigo.

    Mas digo já, para não haver confusões, foi o meu Amigo que começou!

    Um beijinho terno, Amigo.
    Perdoe esta sua Amiga, tão mau feitio, tão má.

    (Agora bailam nos meus olhos, não bicicletas de Cirlot, mas lagrimitas, mariquitas e amiguitas de ternura.)

    Que belo poema, não acha?
    Era assim que devia de ter começado...

    Que a Paz esteja consigo, Amigo do meu coração!

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  11. Que belo poema, não acha?

    (Foi assim que, nalgum universo paralelo, eu comecei)

    Paz!
    (...catrapás trás, evidentemente!) :)))

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  12. :))

    (Se Lapdrey soubesse ou MeTheOros sonhasse o que me apetecia dizer-lhe, agora... Acho que me dava com um "paralelo" na testa, para ficar assim, infinitamente esfíngica e inerte (risos) para todo o sempre e em todos os universos e multiversos
    possíveis e impossíveis (ahahah!!!)

    Beijo de boa noite, bom Amigo.

    Belíssimo poema, este de "fogo branco", como eu gosto tanto.

    "Y vives dulcemente como un río!":

    Magnífico!

    "Como un lento rumor desmoronado,"

    "Estoy ante tu luz rosal e inmensa."

    "Estás en lo que llamo lejanía"...

    Cada sopro, cada som, é reminiscência audosa de mundos desfeitos no peito de ausentes serranias...

    "Puríssima catástrofe de lírios"
    Sabe bem dizê-lo...

    (Os lobos uivam na serra, o vento aperta mais à cintura negra da noite, o puro diamante do silêncio. A pura ausência chove...)

    Deve ter sido da pancada do "paralelo" ou da queda da bicicleta Cirlot. Deu-me para isto!:)))))))))))))

    Beijinhos.

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