terça-feira, 30 de novembro de 2010

Programa de TV (Parte IV e última)

finalizando...


Entra o apresentador, olha em redor como se fosse animar as hostes no casamento do amigo, mostra cumplicidade. Depois de parecer amigo, sê-lo-á.

O público não vai querer outra coisa, pedirá a 5ª série do programa, petições, abortos espontâneos, 6ª temporada, episódio meio gordo.

-- Epá, mas continuo a cismar... como é que se inventam piadas com piada?

-- Que pergunta!, isso é o mais fácil, não tens de te esforçar porque a gente tem o mesmo tipo de humor da malta.

Se reparares há um senso de humor comum, vais ver.
Ao início esforças-te por agradar e, por isso, não terás tanto público. Quando já só disseres o que todos dizem, sem esforço - tu no dia a dia com os amigos - aí é que vêm os seguidores que se sentem em casa.

-- Ah, então é como se estivéssemos em casa e convidamos uns amigos, é isso?

-- Sim, mas com brilho e ruídos correspondentes às palavras ditas.

Dizes “bebé” e ouve-se logo um bebé a chorar, isto ajuda a associar os objectos às palavras que os respresentam, como na Rua Sésamo.

Barulhos, portanto.
Falas em polícia, ouve-se tinoni's, falas em amor, aparece uma cabana.
Associação das palavras ao som, nova aprendizagem.
E rubricas outra vez, muitas rubricas, assinaturas, espaços especiais personalizados em cada novo programa que cabe a cada apresentador.
Sons com palavras, palavras com som, sempre, senão os putos dispersam-se.

Agora, com a roca e a caixa de música, mantêmo-los lá. Sempre.

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