sábado, 8 de maio de 2010

Depoimento sobre os 5 anos do pontificado de Bento XVI, publicado hoje na Revista "Única", no "Expresso"

Como presidente da União Budista Portuguesa não me compete fazer juízos sobre o responsável supremo da Igreja Católica. Todavia, enquanto cidadão, direi que uma apreciação dos cinco anos do seu pontificado não pode omitir a Carta Aberta aos Bispos recentemente escrita pelo teólogo Hans Küng, espelho das questões com que se debate hoje a Igreja.

Sendo um dos maiores empenhos da União Budista Portuguesa o diálogo inter-religioso, conforme nos pediu S. S. o Dalai Lama, considero que as confissões e os responsáveis religiosos, em geral, dão ainda passos muito tímidos no sentido de um verdadeiro diálogo, que permita compreender, aceitar e respeitar o outro a partir da sua diferença, sem presumir possuir a verdade. Crentes e descrentes permanecem muito receosos de que o diálogo perturbe a segurança de crenças dogmáticas, não fundadas na experiência (não excluo o budismo e os budistas). Como defendia Agostinho da Silva, necessitamos de um diálogo onde todos participem: religiosos, agnósticos e ateus. Disso depende uma cultura da paz, compreensão e fraternidade e que as religiões sejam o que é suposto serem: diferentes medicamentos para diferentes males mentais e emocionais da humanidade e não modos de os agravar. Para isso têm de saber preservar a sabedoria que nelas é intemporal, adaptando-a todavia à mutação acelerada dos homens e do mundo. O que significa hoje transcenderem o antropocentrismo da nossa civilização, respeitando o equilíbrio ecológico e os direitos de todos os seres sencientes, humanos e não-humanos.

Esperemos que os religiosos se comportem religiosamente, sendo o primeiro exemplo do que propõem aos outros.

2 comentários:

  1. A pacificidade de coração para com quem se discorda, sempre pode ser um bom início de verdadeiro diálogo.

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  2. obrigado ao FÓRUM

    (para Paulo e Baal)

    pela oportunidade que me dão de falar sobre o tema de hoje,
    que é a visita do Papa e a meteorologia,
    que já ouvi na televisão a guarda avançada do Vaticano
    no Terreiro do Paço
    a dizer que vão rezar para que não chova
    eu até sou favorável a isso, não só pelo Papa
    mas pelos fenos que já foram cortados e estão sujeitos a apodrecer
    se a chuva continua,
    não me agrada é que a chuva cesse de repente
    e se ponha todo o crente a invocar milagre, milagre, milagre,
    em particular a guarda avançada do Vaticano
    convencida de que a inflexão meteorológica se deve às suas
    apressadas preces
    se isso acontecer - a interrupção da chuva à chegada do Papa -
    até vão bendizer o destempero de tempo
    esquecendo
    que o bom agora para Bento
    foi a semana toda
    péssima para os fenos

    renovo os meus agradecimentos ao FÓRUM
    e desejo a todos os participantes e ouvintes
    continuação
    de excelente fim-de-semana

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