quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Corpos mortos, por Isabel Rosete

A morte assoma
Sem aviso,
Sem nada!
Apenas dói!
E como dói até os interstícios da Alma,
Abandonada,
Lançada aos grilhões do corpo
Violada pelas suas ardilosas artimanhas,
Em labirinto,
Sem saída possível…

Mais vale a morte!
Que a Morte venha,
Sem escrúpulos,
Mesmo que à Morte não se perdoe!

Tirando-nos a Vida
Lança-nos nos redutos
Do pó e da miséria
A que, afinal, nos reduzimos!

Vida para além da Morte?
Não sei! Não sei mesmo!
Não insistam mais!
Já disse: NÃO SEI!

E Vós, sabeis?
Claro que não!
Ainda ninguém foi e veio
Do reino dos mortos para no reino dos vivos
Para tais pressuposições tecer...

Nem mesmo Orfeu
Que avista, ao longe,
A tênue e esfumada sombra
Da sua amada,
Para sempre perdia,
Por um simples olhar para trás!

As fronteiras da Vida e da Morte
Não se distinguem mais!
Não se iludam!

Isabel Rosete

14 comentários:

  1. Se vossemecê o diz... assim será! Viva Orfeu e a sua amada Eurídice! E viva Dante que, de mão dada com Beatriz, percorreu inferno e ceus! E viva Eneias que que, de ramo de ouro na mão, foi autorizada a avistar-se com seu pai Anquises na morada dos mortos! Quem duvida... se os Poetas o disseram?! Quem não sabe... não fala, nem mesmo em poesia de oficina. JCN

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  2. nem o sol olho fixamente, depois, morrer não é nada, é terminar de nascer nas mandíbulas da morte, pouco se dá conta que coincide com o fim de um universo

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  3. Vossemecê, ó Harkshis, tem cada prosa... que é de a gente se "botar" a fugir, porra! JCN

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  7. o que é a morte? a morte não é nada. só a estupidez vacila perante a vida e caminha para a morte.

    jcn e fausta: não estão a caminhar para a morte?

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  9. ser muito grande, muito superior, eis o destino para o qual nasci, para que eu possa permanecer escravo do meu corpo, a vagina da minha alma unificada que dá flor aos cinco sentidos. nesta sala estreitada, de livros empoeirada esqueço o meu corpo, quando indistintos atingem a mesma perfeição.

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  11. "Sim, o prazer de ler. Livros empoeirados, quanto mais velhos e a cheirar a mofo, melhor. Capas grossas cinzeladas pela letra manuscrita, bem desenhada e folhas fininhas e amarelecidas pelo tempo. Como árvores de Outono a contar histórias antigas sobre nós. Lareira acesa e o pensamento para lá do destino. Indistintamente."

    Desculpe recostar,mas é muito bonito.

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  12. ... e viva a Morte, viva, pim!!

    Que miséria!...
    A vida tem destas "surpresas", a morte... voo directo ao fim! Um estilo encantador. Ou não... Aí começa a dificuldade, se a tanto nos for permitido chegar. Uma sombra mal(ben)dita de um ser que largou no armário do além túmulo a sua alma... Ausência, no momento em que se chega ao termino da Prova.

    Ah!

    P.S. Um bilião de pessoas morrem todos os anos à fome.

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  13. corpos contra feitos

    a ruína o pedestal
    em silêncio duas vezes

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  14. Isabel,
    Depois se variados comentários, fico preso às palavras de Pessoa que me parecem uma definição dos políticos da actualidade que avançam de »sucesso» em «sucesso» sem de nada se aperceberem a não ser dos faores de cúmplices e coniventes, que devem retribuir, até passarem além de Deus, isto é, reformam-se com escandalosas pensões e subvenções vitalícias que, por terem vergonha de confessar, decretaram que não podem ser publicitadas...

    Não será por acaso que a serpente é odiada +pelo comum dos mortais.

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