Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
contribuinte
os pobres também estão na lista? eu por mim encobria a miséria que o patrão me paga. posso sofrer mas não quero ser apontado. prefiro roubar.
E será que vossemecê vale mesmo... a tal miséria que o seu patrão lhe paga? É caso para questionar. Faz-me lembrar o caso daquele padre que vendia os sermões por um carro de estrume. Chamado à presença do bispo, que lhe deu forte reprimenda pela indignidade da transação, ter-lhe-ia respondiso: "E quem garante a Vossa Reverência que eles valem isso?". JCN
Venho de um lugar distante que não precisa de carimbo para certificar a verdade. Se me perguntarem se fica a leste não vou saber o que responder. Trago ele na memória. Quando me casei bastou um abraço e um beijo melado, promessa de amor. Não havia notários, nem padres para selarem as juras eternas segredadas na cama. Venho de um lugar desconhecido – tão sonhado que acredito verdade. Venho de um lugar que abraça o trabalho como se abraça um filho. Sem horas não bato o ponto – danço a cada encontro. Sem dinheiro compro a maçã no lugar do Senhor João. Sem cerimónia dou em troca o que sei fazer. Sem horas, trabalho sem dar conta da hora. Venho doutras paragens. Não sei de cor a conta da luz, nem a do gas. Sequer sei a conta da água. Na mercearia me espanto, no supermercado sucumbo. Na esquina me amasso contra o vizinho apressado. No trabalho o chefe me ensurdece com a pergunta: - Quantos 500 vale o teu trabalho? Não faço ideia se muitos ou poucos. Não me lembro quantas de mim fui eu na troca da maçã. - Quantos 500 pagam o teu aluguel? E a tua comida? E a escola do teu filho? - Somam esses tantos 500... - O teu salário não vale um quinto desses 500! Venho de um lugar que não sabe responder quantos 500 são precisos para se viver com dignidade. Venho de outras paragens – de um lugar desconhecido. Quem sabe sonhado. Mesmo junto do coração.
mas de um lugar onde a indignidade do estado não prolifera. onde os padrecos e os vendedores de estrume não são a mesma coisa, vens tu paladar(de um lugar onde pudeste amar).e eu questiono(a ti jcn), e o meu patrão trabalhou? mais trabalhei eu desde que tenho consciência, o meu pai trabalhava, a minha mãe trabalhava a criar-nos e eu sempre soube que seria um trabalhador. mas uma coisa aprendi: não é o patrão se decide se sou bom ou não.
Boa reflexão, BAAL
ResponderEliminarabraço
E será que vossemecê vale mesmo... a tal miséria que o seu patrão lhe paga? É caso para questionar. Faz-me lembrar o caso daquele padre que vendia os sermões por um carro de estrume. Chamado à presença do bispo, que lhe deu forte reprimenda pela indignidade da transação, ter-lhe-ia respondiso: "E quem garante a Vossa Reverência que eles valem isso?". JCN
ResponderEliminarVenho de um lugar distante que não precisa de carimbo para certificar a verdade. Se me perguntarem se fica a leste não vou saber o que responder. Trago ele na memória.
ResponderEliminarQuando me casei bastou um abraço e um beijo melado, promessa de amor. Não havia notários, nem padres para selarem as juras eternas segredadas na cama.
Venho de um lugar desconhecido – tão sonhado que acredito verdade.
Venho de um lugar que abraça o trabalho como se abraça um filho. Sem horas não bato o ponto – danço a cada encontro. Sem dinheiro compro a maçã no lugar do Senhor João. Sem cerimónia dou em troca o que sei fazer.
Sem horas, trabalho sem dar conta da hora.
Venho doutras paragens. Não sei de cor a conta da luz, nem a do gas. Sequer sei a conta da água. Na mercearia me espanto, no supermercado sucumbo. Na esquina me amasso contra o vizinho apressado. No trabalho o chefe me ensurdece com a pergunta:
- Quantos 500 vale o teu trabalho?
Não faço ideia se muitos ou poucos. Não me lembro quantas de mim fui eu na troca da maçã.
- Quantos 500 pagam o teu aluguel? E a tua comida? E a escola do teu filho?
- Somam esses tantos 500...
- O teu salário não vale um quinto desses 500!
Venho de um lugar que não sabe responder quantos 500 são precisos para se viver com dignidade.
Venho de outras paragens – de um lugar desconhecido. Quem sabe sonhado. Mesmo junto do coração.
mas de um lugar onde a indignidade do estado não prolifera. onde os padrecos e os vendedores de estrume não são a mesma coisa, vens tu paladar(de um lugar onde pudeste amar).e eu questiono(a ti jcn), e o meu patrão trabalhou? mais trabalhei eu desde que tenho consciência, o meu pai trabalhava, a minha mãe trabalhava a criar-nos e eu sempre soube que seria um trabalhador. mas uma coisa aprendi:
ResponderEliminarnão é o patrão se decide se sou bom ou não.
Claro. Eu não preciso que a minha chefe me diga que sou linda.
ResponderEliminare és? ou só disses que és para chatear a patroa?
ResponderEliminarConversas... de fazer chorar as pedras! Avaliadas em carros de estrume, a quantos correspondem?... JCN
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar