sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

AS DUAS LINHAS DO TEMPO


Se o Homem pudesse costurar o seu Tempo e de duas linhas, apenas, dispusesse e de entre essas duas uma só tivesse de escolher, qual seria a eleita: a linha da quantidade ou a da qualidade?

Assim se pode descrever o Tempo: a) o Tempo sequencial, cronológico; b) o Tempo oportuno, um momento indeterminado no Tempo em que algo especial acontece, uma espécie de Tempo sem medida. Ao primeiro os gregos designavam de “Kairos” e ao segundo de “Chronos”.
Vivemos demasiado presos ao Tempo; cada vez mais apressados e somos, indubitavelmente, seres temporais, isto é, vivemos “dentro do Tempo”. Desde a antiguidade que a questão do Tempo atormenta os filósofos, teólogos, psicólogos e escritores, entre outros. Inventaram-se meios de medição do Tempo: o relógio, o calendário. Mas a Felicidade como cabe no Tempo? Como deve ser medida?
Urge dar qualidade ao Tempo e qualidade é, hoje mais do que nunca, sinónimo de felicidade.
Vejamos o Tempo em Fevereiro: nas ruas vende-se o dia 14 de Fevereiro – dia dos namorados. Mas não há lugar para o dia 11 de Fevereiro – dia mundial do Enfermo. Qual a razão? Aqui entra a linha da qualidade, da importância que atribuímos a cada dia do nosso Tempo e da partilha que fazemos destes dias em sociedade, nas ruas. E nestas ruas, tão pobres, apenas vejo consumismo desenfreado e oco.
Crianças de colo não têm a noção de Tempo e adultos com certas doenças neurológicas ou psiquiátricas podem perdê-la. Até que ponto nos tornamos crianças e doentes ao marginalizarmos datas importantes que carecem, qualitativamente, de Tempo?
Caminhamos para o fim da História, a ausência de Tempo? Urge, sem demora, reinventar uma nova medição na linha de qualidade do Tempo. Saibamos, pois, escolher dias com fruto numa Humanidade desde muito à sombra.
(Publicado no Jornal "Entre Vilas", Sandra Ferreira, 10 de fevereiro de 2010)

5 comentários:

  1. Poder ser a quantidade da qualidade...
    O Chronos de Kairos.

    o Tempo que cabe na Felicidade sem medida
    Na escala sem limite, chamada Amor.

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  2. Depende do ponto de vista da quantidade e da qualidade.

    Depende sempre de quem "olha", pesa, mede, sente e "sabe".

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  3. Aqui vai uma excelente proposta em relaçao ao tempo e qualidade das coisas.

    "Saibamos, pois, escolher dias com fruto numa Humanidade desde muito à sombra."

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  4. A fotografia... faz lembrar... a "mala de cartão"... vista por trás. JCN

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