Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
velho soneto - dos meus 18 anitos - na contracapa de BIOGRAFIA, de Régio, oferecido pela minha namorada Benilde
dançam de roda as canas e os salgueiros/ crispam-se as folhas de um choupal ao lado/ a mesma força traz enovelados/ túrgidos matagais sobre os outeiros
há ondas pequeninas nos ribeiros/ contra a maré remando ou contra os Fados/ em esforço inconsciente de afogado/ em gestos que nem sonha derradeiros//
é forte o vento opondo-se à corrente/ que faz tornar as vagas de mansinho e já na foz as faz ir à nascente//
porquê em mim, pergunto-me baixinho,/ as mágoas são tornadas novamente e o vento não me traz idos carinhos
Foi escrito em PAVIA, certamente num tempo de espera de autocarro. Que no tempo se chamava Camioneta, e fazia escalas muitas vezes demoradas. Viria de Vendas Novas, com o livro de sonetos de Règio como prenda, e sem outro papel em que escrever tenha ousado acometer contra as folhas novinhas do livro do que por acaso tinha sido meu professor em Portalegre.
não sei se não irei dar continuidade a esta repescagem
Só lhe digo, caro Caelacanto, que pela retoma do soneto vamos ter, na pessoa de Platero, um digno rival do "zarolho", como o Feitais teimava em denominar Camões. A mostra... é excelente, levemente petrarquiana... via Camões. Viva o talento! JCN
Claro que não tenho nada a ver com Petrarca nem Camões. O soneto é de facto da minha juventude, com ligeira revisão agora que o descobri quase ilegível no "BIOGRAFIA" de Régio. E gostei de o descobrir porque me revejo nele, no bucolismo (por que não de Vergílio, JCN?) que continua a habitar-me: as plantas, os ribeiros, o vento...
Nunca li Petrarca, Camões só no Liceu por imposição curricular, e tenho ideia de facto de qualquer reminiscência literária que fala de mágoas e carinhos com percursos diferentes. Ou será Bernardim Ribeiro? Não sei, e estou-me nas tintas para as influências que possam infectá-lo. Há muitos anos que o escrevi. Não o renego agora, antes pelo contrário - sinto-o meu como um braço ou os próprios olhos. Faltou-me, desde então, aprender a não ficar à espera de "elogios" seja de quem for. E ganhar a lucidez necessária a distinguir o bom do mau, sobretudo quando se trata de mim próprio
Meu caro Platero, às suas justas e oportunas considerações de ordem literária, respondo-lhe com o meu MANIFESTO, já publicado e dedicado ao transcontinemtal Dr. Joaquim de Montezuma de Carvalho em consonância com o seu ensaio sobre Joaquim Namorado e suas eventuais motivações:
Sejamos pós-modernos, actuais, inteiramente descomprometidos, sem constrições nem peias doutrinais, sejamos nós... em todos os sentidos!
Não deixemos de ser originais mesmo tratando temas já batidos, pois não faltam maneiras pessoais de refazer... poemas conhecidos!
Aproveitemos tudo quanto for estilisticamente de valor para expressar as nossas emoções!
Quer em soneto quer por outra via, pelo braçao de Torga ou de Camões, importa só... que seja Poesia!
JOÃO DE CASTRO NUNES
P.S. - Este mesmo poema acaba de ser incluído no blogue DE RERUM NATURA, de que sou assíduo colaborador. Voltarei ao assunto. Quem, desde os primórdios, não foi sensível às mágoas e carinhos? JCN
Se quer manter a ternura
ResponderEliminarda gatinha de que fala,
não leve ao rubro a fervura
a fim de não... estragá-la!
JCN
velho soneto - dos meus 18 anitos -
ResponderEliminarna contracapa de BIOGRAFIA, de Régio, oferecido pela minha namorada Benilde
dançam de roda as canas e os salgueiros/
crispam-se as folhas de um choupal ao lado/
a mesma força traz enovelados/
túrgidos matagais sobre os outeiros
há ondas pequeninas nos ribeiros/
contra a maré remando ou contra os Fados/
em esforço inconsciente de afogado/
em gestos que nem sonha derradeiros//
é forte o vento opondo-se à corrente/
que faz tornar as vagas de mansinho
e já na foz as faz ir à nascente//
porquê em mim, pergunto-me baixinho,/
as mágoas são tornadas novamente
e o vento não me traz idos carinhos
Foi escrito em PAVIA, certamente num tempo de espera de autocarro. Que no tempo se chamava Camioneta, e fazia escalas muitas vezes demoradas. Viria de Vendas Novas, com o livro de sonetos de Règio como prenda, e sem outro papel em que escrever tenha ousado acometer
contra as folhas novinhas do livro do que por acaso tinha sido meu professor em Portalegre.
não sei se não irei dar continuidade a esta repescagem
abraço
o Jcn está cada vez mais enigmático. Quiçá os seus sonetos comecem a ganhar um pendor profético à Bandarra ou Nostradamus?
ResponderEliminarse assim é Jcn, não se preocupe com miaus. Diga-nos que sucederá a este nosso Portugal.
Só lhe digo, caro Caelacanto, que pela retoma do soneto vamos ter, na pessoa de Platero, um digno rival do "zarolho", como o Feitais teimava em denominar Camões. A mostra... é excelente, levemente petrarquiana... via Camões. Viva o talento! JCN
ResponderEliminarCaro JCN
ResponderEliminarClaro que não tenho nada a ver com Petrarca nem Camões.
O soneto é de facto da minha juventude, com ligeira revisão agora
que o descobri quase ilegível no "BIOGRAFIA" de Régio.
E gostei de o descobrir porque me revejo nele, no bucolismo (por que não de Vergílio, JCN?) que continua a habitar-me:
as plantas, os ribeiros, o vento...
Nunca li Petrarca, Camões só no Liceu por imposição curricular, e tenho ideia de facto de qualquer reminiscência literária que fala de mágoas e carinhos com percursos diferentes. Ou será Bernardim Ribeiro?
Não sei, e estou-me nas tintas para as influências que possam infectá-lo.
Há muitos anos que o escrevi. Não o renego agora, antes pelo contrário - sinto-o meu como um braço ou os próprios olhos.
Faltou-me, desde então, aprender a não ficar à espera de "elogios" seja de quem for. E ganhar a lucidez necessária a distinguir o bom do mau, sobretudo quando se trata de mim próprio
Meu caro Platero, às suas justas e oportunas considerações de ordem literária, respondo-lhe com o meu MANIFESTO, já publicado e dedicado ao transcontinemtal Dr. Joaquim de Montezuma de Carvalho em consonância com o seu ensaio sobre Joaquim Namorado e suas eventuais motivações:
ResponderEliminarSejamos pós-modernos, actuais,
inteiramente descomprometidos,
sem constrições nem peias doutrinais,
sejamos nós... em todos os sentidos!
Não deixemos de ser originais
mesmo tratando temas já batidos,
pois não faltam maneiras pessoais
de refazer... poemas conhecidos!
Aproveitemos tudo quanto for
estilisticamente de valor
para expressar as nossas emoções!
Quer em soneto quer por outra via,
pelo braçao de Torga ou de Camões,
importa só... que seja Poesia!
JOÃO DE CASTRO NUNES
P.S. - Este mesmo poema acaba de ser incluído no blogue DE RERUM NATURA, de que sou assíduo colaborador. Voltarei ao assunto. Quem, desde os primórdios, não foi sensível às mágoas e carinhos? JCN
Corrijo, no último terceto, "braçao", que é gralha por "braço". JCN
ResponderEliminarCaro
ResponderEliminarouso utilizar a sua fórmula:
Sem réplica