sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

RON RON


O RON - RON da gata no meu colo
é panela
de ternura
que ferve
em fogo lento

8 comentários:

  1. Se quer manter a ternura
    da gatinha de que fala,
    não leve ao rubro a fervura
    a fim de não... estragá-la!

    JCN

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  2. velho soneto - dos meus 18 anitos -
    na contracapa de BIOGRAFIA, de Régio, oferecido pela minha namorada Benilde

    dançam de roda as canas e os salgueiros/
    crispam-se as folhas de um choupal ao lado/
    a mesma força traz enovelados/
    túrgidos matagais sobre os outeiros

    há ondas pequeninas nos ribeiros/
    contra a maré remando ou contra os Fados/
    em esforço inconsciente de afogado/
    em gestos que nem sonha derradeiros//

    é forte o vento opondo-se à corrente/
    que faz tornar as vagas de mansinho
    e já na foz as faz ir à nascente//

    porquê em mim, pergunto-me baixinho,/
    as mágoas são tornadas novamente
    e o vento não me traz idos carinhos


    Foi escrito em PAVIA, certamente num tempo de espera de autocarro. Que no tempo se chamava Camioneta, e fazia escalas muitas vezes demoradas. Viria de Vendas Novas, com o livro de sonetos de Règio como prenda, e sem outro papel em que escrever tenha ousado acometer
    contra as folhas novinhas do livro do que por acaso tinha sido meu professor em Portalegre.

    não sei se não irei dar continuidade a esta repescagem

    abraço

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  3. o Jcn está cada vez mais enigmático. Quiçá os seus sonetos comecem a ganhar um pendor profético à Bandarra ou Nostradamus?

    se assim é Jcn, não se preocupe com miaus. Diga-nos que sucederá a este nosso Portugal.

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  4. Só lhe digo, caro Caelacanto, que pela retoma do soneto vamos ter, na pessoa de Platero, um digno rival do "zarolho", como o Feitais teimava em denominar Camões. A mostra... é excelente, levemente petrarquiana... via Camões. Viva o talento! JCN

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  5. Caro JCN

    Claro que não tenho nada a ver com Petrarca nem Camões.
    O soneto é de facto da minha juventude, com ligeira revisão agora
    que o descobri quase ilegível no "BIOGRAFIA" de Régio.
    E gostei de o descobrir porque me revejo nele, no bucolismo (por que não de Vergílio, JCN?) que continua a habitar-me:
    as plantas, os ribeiros, o vento...

    Nunca li Petrarca, Camões só no Liceu por imposição curricular, e tenho ideia de facto de qualquer reminiscência literária que fala de mágoas e carinhos com percursos diferentes. Ou será Bernardim Ribeiro?
    Não sei, e estou-me nas tintas para as influências que possam infectá-lo.
    Há muitos anos que o escrevi. Não o renego agora, antes pelo contrário - sinto-o meu como um braço ou os próprios olhos.
    Faltou-me, desde então, aprender a não ficar à espera de "elogios" seja de quem for. E ganhar a lucidez necessária a distinguir o bom do mau, sobretudo quando se trata de mim próprio

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  6. Meu caro Platero, às suas justas e oportunas considerações de ordem literária, respondo-lhe com o meu MANIFESTO, já publicado e dedicado ao transcontinemtal Dr. Joaquim de Montezuma de Carvalho em consonância com o seu ensaio sobre Joaquim Namorado e suas eventuais motivações:

    Sejamos pós-modernos, actuais,
    inteiramente descomprometidos,
    sem constrições nem peias doutrinais,
    sejamos nós... em todos os sentidos!

    Não deixemos de ser originais
    mesmo tratando temas já batidos,
    pois não faltam maneiras pessoais
    de refazer... poemas conhecidos!

    Aproveitemos tudo quanto for
    estilisticamente de valor
    para expressar as nossas emoções!

    Quer em soneto quer por outra via,
    pelo braçao de Torga ou de Camões,
    importa só... que seja Poesia!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

    P.S. - Este mesmo poema acaba de ser incluído no blogue DE RERUM NATURA, de que sou assíduo colaborador. Voltarei ao assunto. Quem, desde os primórdios, não foi sensível às mágoas e carinhos? JCN

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  7. Corrijo, no último terceto, "braçao", que é gralha por "braço". JCN

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  8. Caro

    ouso utilizar a sua fórmula:

    Sem réplica

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