Não precisa de céu
Quem caminha no ermo da contemplação
Não precisa de imensidade
Quem vislumbra o que não há em tudo o que se vê
A alba fundura quase repleta de sede fresquíssima
A brotar do fundo escuríssima noite de ser homem e tudo o mais
Na orla do desejo de partir
Os pés alados as mãos afeitas à brisa corcéis de fogo preso
À desventura de haver ainda o que se dê conta da agudeza dos dias
Não precisa de si
O que se solta na perdição na alvura do sem depois
Não precisa de amparo
O refúgio supremo é o abandono
A insistência na largura das manhãs quando o sol não é mais que o sol
Tudo o que é feito de propósito está embrulhado em perfeição
A forma é dilacerante porque é definitiva
A dor de ser é ilusão e vontade duma verdade que deve ser deixada em paz
É luciferina a concretude da matéria
É melhor comer as maçãs com a casca
A prisão eidética que acorrenta coisa nenhuma ao sabor de maçã
E ao gosto de comê-la pode bem ser mastigada
Deglutida digerida
Defecada
Assim com tudo o que se diz substante
Nem com todo o armamentário categorial se deve aprisionar o que não é para ser
Soltos por fora forçados por dentro a ser uma impostura
Louco é só o que não acredita na loucura
Depois de apagada a luz é que os fantasmas de noite se tornam irreais
Transitório é só o que permanece na memória sob o signo do acabamento
Que mastigada! Que diria o "zarolho" deste poemaço... JCN
ResponderEliminarO zarolho estaria ainda a ver se comprava uma maquineta de fazer sonetos a preceito...
ResponderEliminar:)
"estaria ainda a ver"... com que "olho"?!... JCN
ResponderEliminarCom o que lhe permitisse aceder à estética da coisa.
ResponderEliminar:)
"Não precisa de céu
ResponderEliminarQuem caminha no ermo da contemplação..."
Não precisa de chão quem confia na lonjura e no abismo incendiado das marés; no fogo alquímico que a tudo devora e de onde tudo jorra sem princípio e sem fim!
Como "uma maquineta de sonetos" sempre a girar (risos para JCN) sem princípio nem fim!
Como uma Serpente alada a arder! Um relâmpago no astro de onde se avista o Homem e o Poema é Luz cega.
Onde a visão se alimenta da sede nascida. "Não precisa de si" quem se lançou no vasto mar onde as asas são labaredas, chama de seu mesmo arder. Amor voraz e olhar de manso, mas veloz unicórnio...
Mesmo com um só olho, o "zarolho" via mais e mais longe desse rio do que nós que nele estamos mergulhados.... quiçá afogados desse memo mergulhar.
Essa escrita encarnada!... Essa cor da imagem me leva em chama à terra de onde nascem os sonetos e o Amor que mora dentro deles!
Um beijo aos dois e... um abraço à Serpente, que acorda do seu torpor!
Ante a gentil intervenção da apaziguadora "Fada Boa", deponho as armas da poética contenda. Caso contrário, eu lhe diria sem rebuços como aceder à estética do coiso! JCN
ResponderEliminarPaulo...Feitos Tais, "sem depois", sorvo-os em continuidade do que propôe, cujo estilo sincrético, sintético e poético me alicia e ressoa-me muito bem.
ResponderEliminarE porque não... piadético?!... Aliás, sem (m)alicia. JCN
ResponderEliminarNada há de mais piadético
ResponderEliminarque os poemas do Feitais:
é de a gente pedir mais
e cada vez... mais sintéticos!
JCN
Com minhas quadras respondo
ResponderEliminarmusicadas a preceito:
não prescindo do meu jeito
que é alérgico ao estrondo!
Cá por mim não gosto mada
de comida mastigada!
JCN
que grande ma...
ResponderEliminarPela grossura da letra, já te apanhei, carago! És a sombra... que me assombra, mas não me deixa assombrado, pois não passas de um... tarado! JCN
ResponderEliminarÓ senhor, feche o olho e vá dormir! que ratazana... :)
ResponderEliminarPareces mesmo uma mada(lena)... a carpir-se! Tem medo das ratazanas, a coitada! Medo que lhe vão ao olho. Seguramente! JCN
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