Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
"Tu consegues ser cada vez mais bêsta / e a este progresso chamas Civilização!"
[...]
Tu, que te dizes Homem!
Tu, que te alfaiátas em modas
e fazes cartazes dos fatos que vestes
p'ra que se não vejam as nódoas de baixo!
Tu, qu'inventaste as Sciencias e as Philosophias,
as Politicas, as Artes e as Leis,
e outros quebra-cabeças de sala
e outros dramas de grande espectaculo...
Tu, que aperfeiçoas a arte de matar...
Tu que descobriste o cabo da Boa-Esperança
e o Caminho-Maritimo da India
e as duas grandes Americas,
e que levaste a chatice a estas terras,
e que trouxeste de lá mais Chatos pr'aqui
e qu'inda por cima cantaste estes Feitos...
Tu, qu'inventaste a chatice e o balão,
e que farto de te chateares no chão
te foste chatear no ar,
e qu'inda foste inventar submarinos
p'ra te chateares tambem por debaixo d'agua...
Tu, que tens a mania das Invenções e das Descobertas
e que nunca descobriste que eras bruto,
e que nunca inventaste a maneira de o não seres...
Tu consegues ser cada vez mais bêsta
e a este progresso chamas Civilização!
[...]
- José de Almada-Negreiros, poeta sensacionista e Narciso do Egypto, A Scena do Odio,14 de Maio de 1915.
serpenteemplumada.blogspot.com
não é heidegger mas é almada.
ResponderEliminaresta sociedade tecnocrática é a derrota da vida. e não era o almada (graças a ele) alvo destas leis do trabalho que querem ajoelhar-nos perante o lucro, em portugal aprendemos, desde há muito, a resistir. não perderemos a alma.
não cederemos. voltaremos à clareira onde o ser é des-velado e onde a luta começa.
"Aprendemos"... quem, senhor BAAL?!... Vossemecê? Deixe-se de tretas e lembre-se de que Almada, que bem se "governou" com o Estado-Novo, foi de todas... a "bêsta" maior! JCN
ResponderEliminaró jcn , um poeta camoniano talvez não tenha resistido (ao fascismo), mas o povo resistiu. e já agora,nas poesias completas o almada tem coisas bem interessantes, depois cedeu... quantos não o fizeram.
ResponderEliminaro almada que tarde foi um em-bestado no princípio era um des-alvorado.
à luta
camoneano, bom se começo a emendar nunca mais acabo... ah! eu disse talvez, pode não ser o teu caso, jcn.
ResponderEliminarPor razões de sensibilidade, predominantemente estética, senhor BAAL, prefiro a forma "camoneano", que fiz adoptar nos competentes meios académicos. Quanto ao Almada... temos conversado: não lhe acendo velas! JCN
ResponderEliminarAs ideias transcendem as pessoas...
ResponderEliminarNem sempre... JCN
ResponderEliminarDepende das ideias... e respectivas pessoas, entre as quais o "Pessoas"! JCN
ResponderEliminarFazem-nos falta outros Josés de Almada Negreiros... Quem sabe se não há vários em potencial por aí, mas silenciados pela autocensura e pela lei do "mercado" que tem condenado a literatura à mediocridade...
ResponderEliminarBem se vê! JCN
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