Será necessário que todos os homens sejam
homens? Também pode haver, sob formas
humanas, homens diferentes do homem.
A coesão geral, interior, harmónica, não existe,
mas existirá.
A doença, como a morte, faz parte dos prazeres
do homem.
O mundo é um tropo universal do espírito,
uma imagem simbólica dêste.
Todo o visível adére ao invisível, tudo o que
pode entender-se ao que não se pode entender,
todo o sensível ao insensível. Talvez tudo o que
pode pensar-se ao que não se pode pensar.
Como a doença, a vida nasce de uma paragem,
de uma limitação, de um contacto.
A filosofia não tem que explicar a natureza,
tem que explicar-se a si-mesma.
Tudo acontece em nós muito antes de ter acon-
tecido.
Quem pode criar uma ciência deve poder crear
uma não-ciência. Quem pode tornar uma coisa
compreensível deve poder torná-la incompreen-
sível.
Os corpos são pensamentos precipitados e cris-
talisados no espaço.
O que há de melhor nas ciências é o seu ingre-
diente filosófico, como a vida é o que há de
melhor nos corpos orgânicos. Despojem as
ciências da sua filosofia, que fica? Terra, ar
e água.
O amor é o fim último da história universal.
O amen do universo.
A linha curva é a vitória da natureza sobre a
regra.
O mar é uma essência líquida de rapariga.
Friedrich Leopold Freiherr von Hardenberg dito Novalis in «Fragmentos». Trad. Mário Cesariny. Assírio & Alvim, 1986.
É sempre bom desenterrar... estas coisas! JCN
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