quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Livro de Horas de "Saudades-do-futuro"- Serpentes de Mar

(Para os da Serpente (e os do Jardim): Livro de Horas de Saudade. Horário e sabor das "poisagens" de alma. Livro das horas de uma entrega às Índias de Alma do Corpo alado dos Poetas não regressados. Poesia e Verdade?:))

"Serpente do Mar"


O Silêncio engole-me os desejos e um deus vivo entra na pele desse extremo arrepio. Corta o silêncio em dois uma fina navalha de bruma!


O que sinto e o que penso: poentes nascidos no avesso do ser. Por regressar!


Quem me dera morrer (me) na inocência azul de uma bola de frescura, na minha testa em febre! A Natureza de uma coroa na cabeça de uma Serpente.


A aura do mar levantou a beleza, a pedir perdão aos céus de dor tão supremamente bela!


Não posso sentir o que penso. Não posso dizer o que sinto. O Silêncio engole-me, como em uroboros(a) serenidade o mar aceita a luz nele entrada.


Uma luz entra nos poros, lisa, luminosa. Ir para onde sopra o vento ou dele desatar o nó que chia no apertar estreito da manhã. Um regresso para passados do futuro.


Escrever é uma paisagem das horas, uma companhia de solidão.


Há litanias na voz. O mar é uma maçã de vento. Não espera o sabor do dia. Há pomos que têm jardins na boca.


Uma baía é um mar fêmea. Atracam nela os barcos como horas de atraso no porto. Deitam-se os sóis, acordam os dias! Não há barcos para a Alegria! Vem ver-me dormir, tristeza! Literatura das horas!


Sem o Real existir não haveria matéria, nem sólida nem rarefeita, para construir castelos que suspendem o próprio ar, sem peso; nem haveria poemas para saudar as coisas que vivem na imaginação do Real.

Crescem nas suas asas: os sonhos! Vejo a aura do sol nas minhas costas!

Há palavras que se comem, outras, desaparecem esbatidas na paisagem, como cinza de neve a derreter no céu-da-boca húmido das palavras mais leves. Com essas e com as outras fazem-se barcas, que são nuvens, desfeitas: sopros de pétalas!

Os barcos estão há tanto tempo parados! As âncoras são poema condenados a navegar: Ulisses de uma Penélope longe dos barcos. As gaivotas atravessam o ar. O instante é perfeito.


Há vento entrado no pescoço do mar. Ainda a beleza da vida brota em luz!


Há um momento em que a vida transborda da taça da palavra. Que seja Azul, lápis-lazúli da alma. Quem tarda?!

A luz, ombro a ombro com o azul, inventa o horizonte. Há barcos desde a véspera. São recortes de não regresso, são poentes olhos na paisagem.

UM ANO CHEIO DE BELEZA, DE BONDADE E DE VERDADE!

FELIZ 2010!

10 comentários:

  1. espero (egoísta)ser primeiro beneficiário de teus votos altruístas

    Beijo - BOM 2010

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  2. São do cor-ação,querido Platero!

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  3. Querida Saudades, já tinha saudades da sua bela e sapiente palavra! E esta tanto aqui diz!

    Um excelente Ano para todos!

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  4. Não nos resta mais nada do que matá-las... a todas!
    Um sorriso muito grato, Paulo.
    Um ano pleno de realizações em prol do que de mais alto e mais belo sonhemos para a humanidade, para a terra e para o não lugar onde tudo isto acontece plenamente...
    Morra a Saudade! Que viva a Saudade que nos liberta!

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  5. Um texto muito sugestivo e uma belíssima foto. Olha, sabes, o que mesmo desejo é um ano cheio de Saudades do Futuro.

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  6. Pois é, "irmão" Soares. Estamos juntos n'Isso das Saudades do Futuro.
    Bom ano para todos!

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  7. Passo por aqui para confirmar que tudo o que escreves me toca, me transparece...que ler-te é receber abraços no meu ser mais fundo. Obrigada por seres tão esplêndida morada. Muito bom ano!


    Mas a todos, sem excepção, desejo o bem, a beleza e a grandeza de tudo o que o coração torna maior do que a vida e o tempo.

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  8. saudades chegaremos ítaca, virar à esquerda oceano atlântico, atlândida torre submersa à primeira babalada (babalada)?

    saudades que bonito texto.

    bom ano, e a todos os justos que somos.

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  9. Este é um livro das Horas mágico que trouxe da distância do azul (dos seus pés azuis...) o anjo da Amizade nas mãos de Isabel,na Bondade, na Beleza e na transparência das suas palavras.

    Um Bom ano, Isabel. O que for melhor para ti, será melhor para todos, pois que os desejos podem ser dom, dádiva, oferenda e cuidado.

    Um óptimo ano queremos que seja e será,o de 2010, pois que saibamos sê-lo em nós recolhidos votos e desejos ardentes.

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  10. baal,

    Claro que seremos justos e caminharemos pela torre onde, entre gestos e cantigas, brindaremos ao novíssimo que aí vem a "babalar(se)".

    Gosto de ter gostado.
    Até à Atlântida da Alma!
    Em breve. Torre 12:))

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