Falta-nos alguém... aquela pessoa que nós somos realmente...
Por isso, o homem passa a vida a procurar-se...
- Onde vais tu?
- Vou atrás de mim!...
E o desgraçado corre e não descansa! De noite continua a correr... É um lobisomem...
- Repousa, pobre doido!
- Não posso! Morro de saudades por mim!
O que nos aflige e consome é esta ausência em que vivemos de nós próprios, esta distância incomensurável que nos separa do nosso espectro!
É esta saudade que nos mata!
Há quem se embriague para a esquecer. César foi César por causa dela.
E Jesus foi o Messias...
Teixeira de Pascoaes, O Bailado, Lisboa, Assírio e Alvim, 1987, p.44
Abissal Pascoaes. Lê-se sempre como se fora a primeira vez. Quem não o conhece não sabe o que (se) perde!
ResponderEliminarInfelizmente ainda é demasiado reduzido à "Arte de Ser Português", um livro menor.
"- Não posso! Morro de saudades por mim!"... E nada mais digo. Sigo "O Bailado"... a ver se me apanho!
ResponderEliminarPor causa da Saudade é que a Ausência é Presença!
Grata pelo texto, Kunzang.
A tanto, "saudadesdofuturo", não chegou... Pascoaes! Imerso nas névoas do Marão, faltou-lhe a luminosidade... transtagana! JCN
ResponderEliminarCésar... foi César, porque era César; pura e simplesmente. O resto... são cantigas de "arroz pardo". Não consta... que se embriagasse. O Pascoaes, com essa obsessão das saudades desi mesmo, tinha às vezes cada idéia! JCN
ResponderEliminarComo não morreria o eu de saudades de si, do si?...
ResponderEliminarSabe-se lá!... JCN
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