segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Sudário de Silêncio



Despe mais o teu corpo
Despe mais os teus véus,
as tuas vestes, a tua poesia!
Despe mais o teu sangue, a tua ferida
Despe-me (te) solenemente;
Despe mais ainda em mim a tua alma.


E quando fores só luz
E brilhares como uma transparência de ti:
Despida estrela da terra e do chão;
Quando já nada tiveres para despir:
Nem palavra, nem silêncio,
Nem infinito espaço
nem infinito tempo
Quando fores só luz de Luz
Despe-te ainda mais de ti e de mim.


E sê-me no imo Um Nada trasparente,

mais do que luz!
Deposita em meu colo esse Nada de palavras
Deixa -o florir no canteiro de mim!
E vamos colher as estrelas
Em outra dimensão que nos iguale em sonho!


Em outro Real nos quisémos Anjos
Em outros olhos nos quisémos boca
E com nossa saliva colámos as palavras
Ao Nada que sabemos e somos:
Sudário do nosso vazio e conhecido rosto

De Poetas.


Maria Sarmento

8 comentários:

  1. Cara Saudades, deixou-me sem palavras para dizer a beleza e verdade deste poema! Gratíssimo

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  2. "VAMOS COLHER ESTRELAS"

    Em nnoites de luar, de lua cheia,
    "vamos colher estrelas" sem a mão
    levados pelas asas da ilusão
    que fronteiras não tem... na minha ideia!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

    Quem continua? JCN

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  3. Segunda qudra:

    Se for preciso levo uma candeia
    que pode ser meu próprio coração
    que sempre ao rubro está como um carvão
    que ao mais ligeiro sopro se incendeia.

    JCN

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  4. Rematando, em verónica:

    No escuro brilham como os pirilampos
    que à borda dos caminhos e nos campos
    derramam luz que de si mesmos brota.

    Vamos colhê-las, pois! seguindo a rota
    dos nossos sonhos que não têm limites,
    por guia tendo só... nossos palpites!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

    Sujeito a polimento. JCN

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  5. Grata pelas palavras, mesmo as não ditas: as que em silêncio mais nos falam; as que despidas mais nos despem, as que veladas mais nos mostram o rosto ausente que nos interroga no sîlenciar que nos escorre em palavras...

    Um abraço.

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