domingo, 18 de outubro de 2009

saiba que


A minha primeira impressão da Vénus de Milo
não teve não senhor
nada a ver com o binómio de Newton

bem pelo contrário
pensei eu simplesmente
:
coitada - sem braços
tão linda

que pena ser deficiente

13 comentários:

  1. Ninguém é perfeito, só as obras de arte. Mas as obras de arte são (de) "ninguém"...
    Por isso - ainda imperfeitamente como as vemos - são tão perfeitas.

    O olhar é que vê (ou não vê) a arte nas coisas, em tudo: umas coisas, mais esplenderosamente do que outras.

    Deficientes? Deficientes somos nós.

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  2. grato, Damien

    leva-me a ver as coisas (artísticas em particular)de outra maneira

    abraço

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  3. As obras de arte... são de quem as produziu. Ineludivelmete. Mesmo que não se conheça o autor. JCN

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  4. Concordo Damien, em pleno.

    Por vezes, pela primeira pessoa, se cria o que outros verão como perfeito, mesmo que seja imperfeita a voz na imagem que em palco o reafirma.

    É muito complicado esse distanciamento, e não há espelhos que o provem do contrário.

    Teatro, é arte?

    Belíssimo pensar Platero, grato.

    Abraço a ambos.

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  5. Caro Amigo PLATERO, deixo para si a conclusão do soneto:

    Apesar de não ter braços
    a grega Vénus de Milo,
    a verdade é que, em seus traços,
    nada há mais belo que aquilo!

    Chamar-lhe deficiente
    não é termo apropriado,
    o que ela tem simplesmente
    é cada braço... cortado.

    Deixo para o seu engenho e arte a chave da abóbada! JCN

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  6. Na apreciação de uma obra de arte... nada há mais detestável que a vulgaridade do lugar-comum. Quem nada tem para dizer... melhor é permanecer calado! JCN

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  7. JCN
    aí vai então a minha proposta de

    conclusão do seu soneto, a despeito da baralhação da rima das suas duas quadras, tá?
    :
    não entende o meu leitor
    nem que eu lhe abra a cabeça
    que o meu sentido de humor

    embora não transpareça
    acaba meu bom senhor
    onde o seu rigor começa

    depois não venha publicamente apresentar-se como vítima, como derrotado, como não sei quê

    Não fique deprimido, receba um bom abraço

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  8. Acho-a mais bela que a Vitória da Samotrácia e ambas são muito mais que o automóvel do tempo do Marinetti, ou qualquer outro artefacto nascido da concupiscência fabril do homem contemporâneo.
    Mas acho que se tivesse braços ficava meio canastrona.
    E vai um abraço, com os braços da alma (que dizem que também não existem, o que quer dizer que por dentro podemos ser uma Vénus de Milo).
    :)

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  9. Paulo
    grande confusão vai por aqui nos comentários ao meu poeminha - brincadeira sobre a Vénus de Milo
    Que é feito partindo do pressuposto
    de que toda a gente que o lê sabe
    1 - que a comparação, em termos de beleza artística, entre a Vénus de Milo e o binómio de Newton, é um achado poético de dimensão universal
    do nosso -não sei qual o heterónimo - inigualável mestre Fernando Pessoa
    2 - que seria ridículo que alguém fosse insensível ao ponto de lamentar a falta de braços de uma peça escultórica - conhecida em todo o mundo muito por esse acidente providencial.
    Quase como lamentar que o facho da Liberdade de Nova York se tenha apagado com o vento

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  10. :)
    Toda a gente sabe que se apagou com um traque do Bush (não me lembro se era o filho se o pai, mas entre um e outro venha o diabo e escolha).
    Já os pés do nosso Cristo Rei parece que se enterraram na lama (só há pouco tempo soube que não lhe fizeram os pés).
    Isto num soneto até ia de lambretta!
    E mais um abraço almado (desarmado, ou seja, desbraçado)!
    :)

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  11. Meu caro Amigo e excelente Poeta PLATERO: nada tenho a apontar à sua belíssima proposta para remtar as minhas duas quadras alusivas à Vénus de Milo. Primam pela perfeição formal e subtil humorismo. Só que se afastam da minha ideia primordial. Por isso, resolvi refazer todo o poema e dar-lhe a seguinye redacção, que espero seja do seu agrado... sem grande constrangimento:

    Apesar de não ter braços
    a pagã Vénus de Milo,
    nada há mais belo que aquilo
    dada a forma dos seus traços.

    Chamar-lhe deficiente
    não é termo adequado,
    pois mesmo assim mutilado
    o seu corpo ofusca a gente.

    No que respeita à mulher,
    pense alguém como quiser
    em questões de perfeição,

    eu sem reservas diria
    que na minha teoria
    ela é mesmo o seu padrão!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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  12. JCN

    nada a acrescentar ao que já disse
    da mestria com que o meu amigo trabalha o soneto

    Abraço, votos de continuação de boa inspiração

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