sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A realidade está à vista.
A multiplicidade é um facto.
A não-dualidade é algo ininteligível ou falso.
A interdependência não é total - o primeiro ser é independente.

Os discursos complexos escondem ignorância.
Muitas leituras não implicam sabedoria.

Quem muito se enreda em si, muito erra.
Quem sente, conhece a realidade;
mas alguém poderia apenas pensar e conhecê-la.
A realidade dá-se a conhecer de muitas formas.

O uno é múltiplo. Significa: o Cosmos é composto por muitos seres.
O múltiplo é uno. Significa: os muitos seres que existem compõem o Cosmos.

Existirá algo para lá deles?

19 comentários:

  1. boa indagação...mas na nossa finitude, resta de facto sentir o toque do transcendente em nós e deixar-nos levar pela inspiração de compaixão e amor, as batidas íntrínsecas do pulsar do próprio universo...bj

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  2. Contrapor uma aparente simplicidade, presumindo que assim se é simples é o mesmo que imaginar que só por vestir certo tipo de roupa se passa, como por milagre ou magia, a ser simples ou humilde.

    "A realidade está à vista."
    A realidade está à vista? Então porque andam todos à procura dela, e de "ter realmente uma vida"?
    A "realidade" nunca está à vista. A realidade só está "à vista" porque se revela, isto é, revela-se re-velando-se.
    Quem o saiba não carece de explicação, quem o não saiba, talvez careça. Quem pensa que o sabe, não carece nem duma nem doutra. Talvez nunca saiba, nem nunca saiba que não sabe..

    "Os discursos complexos escondem ignorância."
    Será assim? A "complexidade" pode ser simplesmente a nossa incapacidade de apreender, entender ou compreender o que é simples/complexo. Não é necessariamente complexidade intrínseca às coisas. O déficit está em nós, não nas coisas.
    As coisas são simples, são o que são, mas a teia que as (cor)relaciona é que é de tal maneira vasta e intrincada, que adquire complexidade, ao tentar ser abrangida pela nossa apreensão, entendimento ou compreensão.
    Se nos ativermos ao "simples", podemos sempre ver simplicidade nisso que vemos, mas é apenas um ver simples; logo, é bom não confundir o ver, apreender ou sentir das coisas com as próprias coisas, que sempre permanecem mistério incognoscível, inapreensível e inominável.

    "Muitas leituras não implicam sabedoria."
    Nem muitas nem poucas. A sabedoria não está nem decorre do ler livros.
    Entender-se que o "ler" é mero manuseio intelectivo de estudo livresco, deleite dos sentidos ou pura diversão, é manifestar que nunca se aprendeu a ler realmente.
    Ler é leitura (inteligência, intere-legência), apreensiva e compreensivamente, de alguma coisa do que se nos apresenta como mundo - seja ele submundo, imundo ou transmundo -, bem como a vida e morte que lhes estão intimamente ligados.
    "Ler" é ler-se (a si e a tudo), na legibilidade de tudo. E na ilegibilidade, também.

    "Quem muito se enreda em si, muito erra. Quem sente, conhece a realidade"
    Tanto erra quem se enreda em si, como erra quem imagina que, sentindo, conhece a realidade. Está na dualidade ainda, imaginando que não está. Confunde a imediatez dos sentidos e do sentir com "desenredo", quando é da actividade dos sentidos que nos vem a mais ilusória das irrealidades.

    "A realidade dá-se a conhecer de muitas formas."
    A questão é, precisamente, saber se isso a que chamamos (o que cada um chame) realidade tem "forma", ainda que possa apresentar-se-nos com/nas formas.

    "Existirá algo para lá deles?"
    Nem para lá, nem para cá deles.

    (Abraço de gato maltês!)

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  3. O aborrecimento dos complexos só é excedido pela arrogância dos simples.

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  4. Falar difícil... é realmente sintoma de ignorância. Autorizo-me... de Pessoa, quer o tenha dito ou não. Nem sempre disse ou escreveu... o que pnsava! JCN

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  5. Damien,
    partilha connosco o teu caminho.
    Quem és tu? Aonde vais buscar a tua sabedoria?

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  6. A sabedoria acaba... onde começa a grosseria! JCN

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  7. Se eu soubesse quem sou, é certo e garantido que não estaria aqui e agora. Mas também isso é ilusão. Ilusão de que estou iludido.

    Eu não sou nada. Sou nada. Imaginando que sou alguma coisa que imagino não ser.

    Pode-se ser labirinto ou ser dédalo: procurar o centro ou procurar a saída...

    Não estou em nenhuma. Por isso, aqui estou.

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  8. Damien,

    (não) és nada e por isso apego-me à ideia de te definir, de te referenciar com um nome, uma idade e uma profissão na mente que julgo possuir... leio-te e perplexo-me com a tua complexidade que, afinal, aparenta nada ser...
    que estranho que tu és...

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  9. jcn e damien as duas faces da mesma moeda.

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  10. É.
    E não é.
    Não é o que é.
    Não é o que não é.
    É todas as quatro anteriores.
    É nenhuma delas.
    etc.

    Entretanto, caro Baal (maiusculei de propósito, só para "chatear"), se você tivesse direito a efígie - que parece não ter ou não querer ter -, seria só, supõe-se, no rebordo da moeda. (Bolas!)

    Até porque, pelo que você diz, sou uma das faces, e há quem seja a outra.

    Aliás, como se viu, houve quem, muito lampeiro, dissesse logo: "Primeiros!"(sic)... para ganhar lugar: na face que fica virada para cima, presume-se... (risos)

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  11. rasputine toma cuidado com o corto maltese...
    damiem, estou na esplanada 'a jogar á moeda' quem perde paga as 'minis'. cumprimentos

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  12. A moeda não tem cima nem baixo; só tem verso e reverso. De qualquer modo, nunca gostei de ficar por baixo. Faço os possíveis! JCN

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