quinta-feira, 15 de outubro de 2009

P´RA PULAR (não muito nova)


Ao conceituado sonetista JCN
:

quando o azar acomete
um homem não tem hipótese
até o frio do sorvete
lhe afecta os dentes da prótese

17 comentários:

  1. Isto é que é poetar hiper-protésico! :)

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  2. Sem dúvida
    :
    refrão de pequeno hino ao infortúnio

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  3. Do Bocage até parece
    e só por isso merece
    ser posta na prateleira
    onde costumo arrumar
    os poemas de algibeira
    para os não menosprezar
    e muito menos deitar
    no fundo de uma lixeira!

    Tudo tem o seu lugar
    venha lá de onde vier
    e vá para onde quiser
    o autor da brincadeira!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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  4. mestre do soneto já eu o sabia
    campeão do humor
    é que ignorava de todo
    Guardo a lição

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  5. Em demonstrações de humor
    com minhas quadras vulgares
    em versos de arte menor
    não lhe chego aos calcanhares!

    Guarde, pois, minha lição,
    que eu guardare seu rifão!

    JCN

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  6. Que insípida é a vida... sem um laivo de salutar humor! Que insípida é a comida sem uma pitadinha de sal! Deus nos livre, caro Amigo Platero! JCN

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  7. presunção e água benta
    devem tomar-se a preceito
    se em excesso o homem rebenta
    de tanto lhe inchar o peito

    arte menor é a minha
    maior a do meu amigo
    nem sabe o azar que eu tinha
    ter que passar a vidinha
    a contemplar o umbigo

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  8. Bom, Platero, para que se perceba, há ou não há dente, o dente, o tal do dente, o tal do dente doente? :)

    Gostei da dedicatória

    Abraço amigo

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  9. A mão dou à palmatória
    ante a sua inspiração:
    perante a sua vitória,
    fiquei sem respiração!

    Vou voltar para o soneto
    onde estou mais à vontade
    pois nas quadras é verdade
    que pareço analfabeo!

    JCN

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  10. JCN

    às vezes tenho medo de magoar os amigos com estes exercícios académicos
    quando lhe dediquei a minha quadra
    "p´ra pular"foi mesmo com intenção de manifestar a minha admiração pela forma como trata matéria tão sensível, delicada, como o clássico soneto.
    Logo de seguida me arrependi, suspeitando uma leitura enviesada
    da minha honestíssima intenção.
    Acertei. A confirmação não se fez esperar.
    Caro JCN, desagrada-me que trate a quadra popular como arte poética menor. Conhece o Raboyat (?) de Kayam (?), tão próximo da nossa quadra popular. E o trabalho de Fernando Pessoa com esse material:
    "nunca ninguém se enganou/tudo é verdade e caminho"
    que me sugeriu, a mim, modesto praticante de arte menor, de que gosto mais do que pratico, o seguinte exemplar:

    já vejo que está errado
    o trilho por onde vou
    ninguém vai a nenhum lado
    nunca ninguém se encontrou

    o meu amigo é sem dúvida um bom poeta. recuso é aceitar que, enquanto crítico, me considere praticante de uma arte menor

    renovo, contudo, abraço de admiração

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  11. Meu caro Amigo e bem sucedido Poeta: ao cabo e ao resto, parece que fizemos ambos "enviesada leitura" das nossas tomadas de posição, absolutamente honestas e, quando muito, eivadas de um certo fio de socrática "eironeia". Só que eu me desculpabilizo de imediato, dando à expressão "arte menor" o sentido que tradicionalmente lhe é atribuído com base, não na qualidade das respectivas composições, mas tão-só no seu aspecto formal e, de ordinário, em versos de sete sílabas. Foi, de resto, nesta modalidade que brilharam Poetas como Camões e Ruiz de Castelo Branco com seus "Perdigão perdeu a pena" e "Partem meus olhos tão tristes". Não se amofine, pois, meu caro Amigo Platero, e prossiga com as suas admiráveis quadras, de que não perco uma sílaba, mormente quando gentilissimamente me são dedicadas! Se alguma vez lhe atirar uma minúscula pedra, tome isso... como um elogio! Só não se apedreja ou se finge ignorar... o que em verdade nada vale. Olhe o que sucedeu com a Gioconda e com a Pietá! Pedras e marteladas para cima! Quando é demasiado... o sol cega-nos a vista, sobretudo quando somos míopes ou... medíocres. Estou justificado e acaso... perdoado?!... Espero bem que sim, sob o signo da Poesia, a que ambos prestamos culto, metaforicamente discorrendo. Fraternas saudações. JCN

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  12. RUI MIGUEL

    o tal d(o)ente há muito foi à vida.
    Eu jã não me lembro bem da estória.
    Era um poema?
    ou uma das minhas crónicas do Diário do Sul?
    Abraço. continua inspirado, sff

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  13. Platero, há coincidências que não se esquecem, como hoje e a esta hora devidamente imprópria, 3 e 28da manhã... e uma releitura em saudade de um 'xeque ao dente' :)

    Bom, se uma outra vez, virado estava como um lobo esganado, hoje, agora, repouso de sete outros eu, e uma longa viagem em direcção a outra longínqua paragem. Quem sabe até ao mar, quem sabe de volta à montanha... pois então, alcatrão :)

    E... acabo por antever a resposta ao que te perguntei, o dente... já era! Já lá vai um ano!

    Retribuo o mesmo abraço, e agradeço-te, Amigo.
    Grande abraço!

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  14. JCN

    estando, pelo lido, nos meus dominios
    - a tal já por si sobeja e sabiamente reabilitada arte menor- sinto-me no direito de sugerir ao preclaro amigo
    uma ligeira corrigenda à quadra em que "injustamente" se declara "derrotado".
    O caso não era para tanto, até que a sua declaração de derrota não tem menos qualidade do que o que está na sua origem

    vamos, contudo, à minha sugestão:
    escreve o meu amigo:
    ..........
    perante a sua vitória
    fiquei sem respiração

    se fosse eu, teria escrito, para enfatizar a minha condição:

    a mão dou à palmatória
    ante a sua inspiração:
    perante a sua vitória
    atiro a toalha ao chão

    pretexto para um renovado abraço

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  15. Vencido e convencido! Nada há como a graça... para encerrar uma boa conversa! JCN

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  16. E porque não, aproveitando a sua deixa?

    perante a sua vitória
    caí redondo no chão.

    JCN

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