terça-feira, 13 de outubro de 2009
O natural e o artificial
Quando a noite cai
a cidade adormece.
O bulício é história
de outro mundo.
Os seus habitantes repousam
em paz.
Ergue-se o mundo
dos sonhos.
A cidade é então
sonhada.
Não existe propriamente
é miragem.
Calcorreá-la é calcorrear
pedaços de nada.
Como a noite e o vento a sua estrutura
arruinar-se-á.
Nada é eterno se não
o eterno.
Toda a construção humana é
artificial.
Por isso todas são como
palavras jogadas ao vento.
Compreendes o mundo
num relance.
Não consegues dizê-lo
mais que vê-lo e ouvi-lo.
Descobres quão vãs são
as palavras.
Discorres sobre o longe e o perto
pareces mais que um animal.
Mas a tua linguagem é
artificial.
Se um dilúvio houvesse nada restaria que não
a animalidade.
A palavra é já
um ganho.
O que te pode tornar vitorioso
pode tornar-te vencido.
Os opostos caminham
lado a lado.
Mas a Natureza não tem
oposto.
É o que é
incontingentemente.
Foi criada
para a eternidade.
Porque foi criada
pelo que é imortal.
E do mortal só saem
coisas mortais.
O ser que tudo pervade
distingue-se dos seus modos.
Assim o primeiro os fez
dois.
Nisto consiste a ciência:
em descrever a realidade.
Que as palavras te não levem a julgares-te
para lá da ciência.
Pois são artificialidades
isso em que te enredas.
Por isso são superficialidades
em que perdes o teu tempo.
Que coisa mais vã
desperdiçar a preciosidade do tempo.
E o tempo só vale
em função da preciosidade da vida.
E a vida só é preciosa
porque morre.
Tudo o que morre
deve ser tratado com cuidado.
Não tem tempo
a perder.
Cada instante deve ser aproveitado
ao máximo.
Pois é dádiva do eterno
este estar vivo.
E há mundo
por ver e viver.
À sua hora
tudo é chamado.
Mas nada conhece
a sua hora.
Há que estar desperto
para o mundo.
Porque o mundo é
a realidade.
Do sono profundo
nada se sabe.
Há que apreciar as preciosidades
do mundo.
Se puderes viajar
tanto melhor.
Se o não puderes fazer
imagina.
Que a tua imaginação
te leve longe.
Mas não discutas
palavras.
Não percas tempo
com jogos.
Pois a realidade é rica
demais.
E os jogos são como
o vento.
De facto toda a vida é
como o vento.
E só a novidade
permanece.
E esta consiste
nas constantes mortes e nascimentos.
No constante balancear entre
a alegria e a tristeza.
Na renovada percepção
a cada piscar de olhos.
Esquece o pensar e
automatiza os teus actos.
Harmoniza-te com
o eterno.
Cada coisa a seu tempo:
tempo para viver e tempo para morrer
tempo para a infância e tempo para a velhice.
Mas não te percas muito
com palavras.
Usa-las com sabedoria
para a ciência.
Pois o seu bom uso trar-te-á
alegria.
Estarás de acordo com
o eterno.
Nisto consiste o eterno:
em estar para lá do vento.
a cidade adormece.
O bulício é história
de outro mundo.
Os seus habitantes repousam
em paz.
Ergue-se o mundo
dos sonhos.
A cidade é então
sonhada.
Não existe propriamente
é miragem.
Calcorreá-la é calcorrear
pedaços de nada.
Como a noite e o vento a sua estrutura
arruinar-se-á.
Nada é eterno se não
o eterno.
Toda a construção humana é
artificial.
Por isso todas são como
palavras jogadas ao vento.
Compreendes o mundo
num relance.
Não consegues dizê-lo
mais que vê-lo e ouvi-lo.
Descobres quão vãs são
as palavras.
Discorres sobre o longe e o perto
pareces mais que um animal.
Mas a tua linguagem é
artificial.
Se um dilúvio houvesse nada restaria que não
a animalidade.
A palavra é já
um ganho.
O que te pode tornar vitorioso
pode tornar-te vencido.
Os opostos caminham
lado a lado.
Mas a Natureza não tem
oposto.
É o que é
incontingentemente.
Foi criada
para a eternidade.
Porque foi criada
pelo que é imortal.
E do mortal só saem
coisas mortais.
O ser que tudo pervade
distingue-se dos seus modos.
Assim o primeiro os fez
dois.
Nisto consiste a ciência:
em descrever a realidade.
Que as palavras te não levem a julgares-te
para lá da ciência.
Pois são artificialidades
isso em que te enredas.
Por isso são superficialidades
em que perdes o teu tempo.
Que coisa mais vã
desperdiçar a preciosidade do tempo.
E o tempo só vale
em função da preciosidade da vida.
E a vida só é preciosa
porque morre.
Tudo o que morre
deve ser tratado com cuidado.
Não tem tempo
a perder.
Cada instante deve ser aproveitado
ao máximo.
Pois é dádiva do eterno
este estar vivo.
E há mundo
por ver e viver.
À sua hora
tudo é chamado.
Mas nada conhece
a sua hora.
Há que estar desperto
para o mundo.
Porque o mundo é
a realidade.
Do sono profundo
nada se sabe.
Há que apreciar as preciosidades
do mundo.
Se puderes viajar
tanto melhor.
Se o não puderes fazer
imagina.
Que a tua imaginação
te leve longe.
Mas não discutas
palavras.
Não percas tempo
com jogos.
Pois a realidade é rica
demais.
E os jogos são como
o vento.
De facto toda a vida é
como o vento.
E só a novidade
permanece.
E esta consiste
nas constantes mortes e nascimentos.
No constante balancear entre
a alegria e a tristeza.
Na renovada percepção
a cada piscar de olhos.
Esquece o pensar e
automatiza os teus actos.
Harmoniza-te com
o eterno.
Cada coisa a seu tempo:
tempo para viver e tempo para morrer
tempo para a infância e tempo para a velhice.
Mas não te percas muito
com palavras.
Usa-las com sabedoria
para a ciência.
Pois o seu bom uso trar-te-á
alegria.
Estarás de acordo com
o eterno.
Nisto consiste o eterno:
em estar para lá do vento.
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5 comentários:
Gostei muito
adorava ter sido eu a escrever
abraço
Obrigado, Platero. Um abraço.
Se fosse mais conciso... não se perdia nada! JCN
mais conciso, JCN? acho que para a profundidade do sentido está objectiva, sem perder beleza...já estou como o Platero, quem me dera ter sido eu a escrever mas, pelo menos, tenho a sorte de conhecer a paisagem dessa cidade e o autor desta reflexão-poema.
bj grnd em ti
(foto da cidade para breve ;)
sorriso tb para Platero e JCN
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