sábado, 3 de outubro de 2009

Musas do Poeta - Sem Imagem, a lembrar Clarissas...

CLARA

Não sabes, Clara, que pena
eu teria se — morena
tu fosses em vez de clara!
Talvez... quem sabe... não digo...
mas refletindo comigo
talvez nem tanto te amara!

A tua cor é mimosa,
brilha mais da face a rosa
tem mais graça a boca breve.
O teu sorriso é delírio...
És alva da cor do lírio,
és clara da cor da neve!

A morena é predileta,
mas a clara é do poeta:
assim se pintam arcanjos.
Qualquer, encantos encerra,
mas a morena é da terra
enquanto a clara é dos anjos!

Mulher morena é ardente:
prende o amante demente
nos fios do seu cabelo;
— A clara é sempre mais fria,
mas dá-me licença um dia
que eu vou arder no teu gelo!

A cor morena é bonita,
mas nada, nada te imita
nem mesmo sequer de leve.
— O teu sorriso é delírio...
És alva da cor do lírio,
és clara da cor da neve!

(Casimiro de Abreu)

2 comentários:

  1. Este texto vem mais a propósito de lembrar a pobreza das irmãs de Santa Clara... que seguindo o caminho da virtude e do Amor pela Natureza, ao santo franciscano seguem por bondade...

    O poema de Casimiro de Brito foi um pretexto para lembrar Clara...

    O clássico fica sempre bem, tal como o coração em taça servido e em chama bebido: um coração em fogo.

    Grata pela leitura.

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