terça-feira, 13 de outubro de 2009

Mãos


Deixa cair no colo, em repouso,
as tuas mãos cativas!
Côncavas ou convexas,
Elas são o avesso e o direito
de uma mesma Saudade.

Às vezes, até parece que cantam
como pássaros implumes...
São como nuvens,
São como pássaros!
Juntas, não se prendem
Segredam!

Ouvem em oração
o Silêncio do canto
em que voam, aturdidas!...
Separadas asas
do vazio coração
da Hora plena!

Às vezes tardam, as mãos...
Às vezes são, no ar,
O traço luminoso do desejo e da espera.
Outras, dançam,
Em infinitos espaços
A eterna dança das horas:
Suspenso voo do salto cego!

E são os dedos que se agitam
e tremem na maçã do dia,
o redondo fruto de colhê-lo
Liso e novo:
coração implume de pássaro ardente.

São como plumas, os dedos,
cativos das paisagens dos olhos.
São como rosas as pétalas dos dedos
Cativos e saudosos da ausência dos teus!

10 comentários:

  1. Pedras, não: antes um punhado de diamante negros com ocultos raios de luz no seu interior como estrelas na escuridão da noite! JCN

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  2. as mãos... pombas imaculadas e insectos necrófagos. Com elas fazemos e desfazemos os nós que somos, o que somos nós sem elas? :)

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  3. Adoro mãos, Saudades!
    O que dizer???

    ADORO MÃOS!

    Para mim. estão ao mesmo nível dos olhos. Para mim, falam a mesma língua do olhar. Mãos e olhos são uma linguagem que pretendo passar o resto da vida a entender e a falar :)

    Adoro Mãos*

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  4. BEIJO-TE AS MÃOS

    Beijo-te as mãos, amor, beijo-te as mãos
    as minhas tanta vez acarinharam,
    beijo-te as mãos do modo que as beijaram
    às damas nos salões os cortesãos!

    Beijo-te as mãos que tu dizias feias,
    mas que eram para miim como as das fadas,
    distintas, elegantes, delicadas,
    esculturais, ainda que não creias.

    Beijo-te as mãos como beijaste as minhas
    pelo amor que te dei, que ambos nos demos
    durante o longo tempo que vivemos.

    Beijo-te as mãos até à exaustão,
    com toda a alma, todo o coração
    posto a teuss pés no solo onde caminhas!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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  5. Repito o segundo verso, por incompleto:

    que as minhas tanta vez acarinharam,

    JCN

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  6. Sentes cair no colo
    As tuas mãos cativas
    De nuvens e de rosas
    Aquelas que aturdidas
    Na dança de asas plenas

    Tiveram sentidas
    Saudades serenas

    Do colo dos segredos
    Que libertam sentidos

    Maçãs e poemas
    Na pluma dos dedos

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  7. De fariseus... está cheio
    hoje ainda o nosso meio!

    JCN

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  8. Eu só posso agradecer por estas vossas palavras, que não tentam definir o mundo, nem indefinir o definido dele, mas que são doces de ouvir, sem vaidade... com muita Amizade as recebo.

    Aproveito para me dirigir (desculpem!) ao Franciso e agradecer-lhe este belo poema.

    Um beijo a todos.

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