sexta-feira, 16 de outubro de 2009

«[...] já nos dá ganas de rir, quando encontramos "homem e mundo" um junto ao outro, separados pela sublime arrogância da palavrita "e"!»

- Friedrich Nietzsche, A Gaia Ciência, V, 346.

15 comentários:

  1. É a arrogância e ilusão deste "e" que nos governa e estrutura toda a nossa existência. Será real o que surge como tal à nossa percepção dualista? Incluindo o que percepcionamos de nós mesmos e como "nós mesmos"?

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  2. E se a arrogância e ilusão deste "e" que nos governa e estrutura toda a nossa existência fosse... um "ou"?

    Homem ou mundo...

    Abraço

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  3. Caro Rui, acho que o "ou" resulta do "e".

    Abraço

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  4. Como assim Paulo, desculpe a minha ignorância.

    Estava a tentar efectuar um exercício de lógica matemática para ver se podia chegar a alguma conclusão...

    Abraço

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  5. Entendo (corrija-me se assim não for) o que quer dizer com ‘percepção de nós mesmos’ (análise exterior ao “eu”) e como “nós mesmos” (verdadeira percepção do “eu”). Estou em crer que esta abordagem que aqui tomo é já em si dualitária. Mas de que forma se pode fazer esta observação sem que a própria o seja? De que forma se pode percepcionar o que não pode ser atentamente percepcionado?
    Onde está a origem ao que posteriormente divergiu conjuntivamente disjunto, ou o seu contrário? Se essa origem é real “e” existe então por que via de análise se pode encontrar?

    Estou um bocadinho baralhado... :)

    Abraço Paulo

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  6. julgo que a nossa percepção dualista é tão real quanto a percepção do vazio sentida pelos místicos... ou seja, tudo ilusão... julgo que é arrogância e ilusão a afirmação da separação dualista assim como também é a negação dela... julgo que é arrogância e separação a afirmação da união universal assim como também é a sua negação...

    O que resta?

    A era da sensibilidade (abraço ao Nuno Maltez:))? Sem afirmações e negações? Ou com afirmações e negações como factor de libertação dos véus obscurantistas?

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  7. Creio que estamos na ilusão conceptual enquanto não nos libertarmos das quatro possibilidades de predicação: dizer que algo é, que não é, que é e não é, que nem é nem não é. É o tetralema que Aristóteles considerava a condição de possibilidade da comunicação e que Nagarjuna descarta como a condição de possibilidade da ilusão. Livrando a mente dos véus conceptuais e das emoções que nos prendem a eles, o que resta? A consciência desperta, que é para experimentar, não para descrever.

    Abraços

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  8. Mas o que é experimentado pode ser descrito.

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  9. E descrever não é tentar definir, é mais como tirar uma fotografia.

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  10. e tirar uma fotografia o que é? uma tentativa de abraçar um mundo num papel? uma forma de eternalizar (desculpem a asneira...) o tempo e o espaço? Um artifício de instantanizar (esta asneira ainda é pior...) o momento?

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  11. A percepção não dualista é algo que vem não só da "ilusão" que gerada se gera e se repete... repercutindo... como também é resultante de o "e" que gera o "ou".
    O homem é mundo e não é "e" ou "ou" mundo!?
    O homem no mundo dá-se quando não há distinção hierárquica entre os seres ou as coisas do mundo e nós que devíamos ser dentro do mundo, a ele unidos ou reunidos, religados... não será verdade?Dizer Mundo ou dizer Homem não é assim tão distinto... Dizer: Homem, o maior predador do Mundo! é já defini-lo por oposição àquilo a que aspira: a não sê-lo. Despertar é inerente ao Homem!?
    Conta o tempo?
    Há tempo, nisto?

    Um abraço.

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  12. Kunzang, tirar uma fotografia é simplesmente captar o momento, penso. Chama-lhe o que quiseres. A beleza está aí para ser fruída. Não se tenta definir coisa alguma deste modo.

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  13. Se é um artifício, bendito artifício ;)

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  14. Pergunto-te, Kunzang, se a música não será também um artíficio...

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  15. Nuno, EU sou um artifício...

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