terça-feira, 13 de outubro de 2009

florescer


Floresceu a atenção que veio do fundo

Agreste tentação de brevidade

Eternidade envidraçada na proximidade da aurora

São translúcidas as recusas a ser outro

Que alimentam a continuação e a espera que visa ao depois

Mas sendo um ou dois ou mil ou sem conta

A mesma inconstância o mesmo desamparo

Seja atento à identidade ou uma multidão levedada pela inquietude

Que dá às coisas um ar de abandono que as torna cortantes e inumeráveis

A mesma sem razão alimenta o desfiar das horas

A mesma incompletude desfila nas margens do desassossego

Nem travessia nem fuga para o alto

O mundo é um dilúvio de águas que ficaram por lavrar

O oceano de dentro o infinito tornado ermo e inconsolável resistência à concretude

Ser inerte ser possuído sem resistência pela indiferença das pedras

Frias de orvalho e esquecimento

E deixar o fim brotar

A fonte entre penedos e ervas com o aroma silvestre do que nem em sonhos é nosso

As águas do princípio

Ser-se é matar a sede com água salgada

Estar sujeito à inveja do sol

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