Melancolia dourada cintilação do que há de dentro brota
O favo da espera translúcida aparência do que vem
Ao lume da vida na inquietação do reverso da escuta
Toda a música é silente na suspensão da aurora
A audição das coisas deixa-as em cinza calcinadas de antecipação e saciedade
A ossatura do desejo são duas asas de bruma uma fuga a semear-se na treva do depois
Um susto contido pedra a pedra da anestesia de ser na habituação às coisas
Viver em suspensão a boca cerrada para as palavras de fogo
As mãos pescadas à linha para serem só instrumentos de repetição
Criaturas de fundura trazidas para o aquário das tardes fechadas por fora
O que vier assim afogado nas águas paradas da mesmidade
Não poderá furtar-se à contra-luz da surpresa
Essa fome de novidade que esconde o facto de tudo ser novo
A cada instante
Gostei, Paulo
ResponderEliminarabraço
O velho, quando é verdadeiramente belo, nunca deixa, por isso, de ser itirativamente novo! JCN
ResponderEliminarOla paulo. Ainda há dias estava a discutir com um "aguiano" se amor poderia ser definido como atenção selvagem. Haverá alguma desatenção selvagem?
ResponderEliminarCorrijo a gralha "itirativamente" por "iterativamente", ou seja, repetitivamente. JCN
ResponderEliminarNa poesia, a fotografia, dimana, ilimita pelo fundo sabor da deriva, o espaço interior da inspiração.
ResponderEliminar"Alguém, índigo, perpassa a tela. Sua sombra indefinível."
Assim, desatento, imagino o ponto-de-fuga.
Forte abraço :)