segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A palavra é uma saudade

40 comentários:

  1. "A palavra é uma saudade" do silêncio que fala pela boca de|o nada.

    "A palavra é uma saudade" do indizível em cada falho dizível.

    "A palavra é uma saudade" de si, naquilo que nunca (se) nos lembra.

    A saudade é a palavra que ressuscita, defunta no transir ausente da Presença.


    (Grato pela palavra... de saudade, Paulo)

    ResponderEliminar
  2. que engraçado...(desgraçado)
    no poema que eu outrora houvera aqui deixado, em neerlandes, sobre a saudade, dizia exactamente o contrário. Que a saudade é apenas uma palavra, menos ainda, um som... mas talvez porque em neerlandês não consiga sentir saudades, e as palavras das línguas dos outros são sempre mais saborosas...

    ResponderEliminar
  3. É por razões como essa que eu, em vez de falar em lusofania, prefiro falar em lusofania.

    A língua é o espírito que nomeia o ausente na própria presença do Espírito.

    A fania, seja ela teofania, logofania ou outra, é sempre o manifestar(-se) do que de facto apenas se (re)vela.

    Daí, também, o engraçado e/ou desgraçado da coisa, como a Joana notou e muito bem...

    ResponderEliminar
  4. saudade, enquanto esquecermos o que a palavra criou,
    aí poderemos ver que ao invès de ter passado, ela está bem presente.

    ResponderEliminar
  5. A magia, fascínio ou sortilégio da saudade ("esta doce palavra de perfis antigos") está no próprio termo. Especialmente. JCN

    ResponderEliminar
  6. SAUDADE

    (saúde, solidão, solocitude)

    Saudade é sida que se pega à gente
    por mais que não se queira ou que se faça:
    não se pode evitar ficar doente
    por ser o mal maior da nossa raça.

    Trazemos a moléstia nas entranhas
    como se fosse um vírus insanável
    que toma às vezes proporções estranhas
    causando imensa dor, mas agradável.

    "Delicioso pungir de acerbo espinho",
    como um grande Poeta lhe chamou,
    a todos nos atinge um bocadinho.

    O mal reside, convencido estou,
    no termo em si, nessa palavra mista
    que só na nossa língua se regista!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

    ResponderEliminar
  7. "O que são as palavras
    Não são moradas
    Às vezes serão gestos de água
    mas o que nelas brilha é a sua ausência]
    ou o seu silêncio"

    - António Ramos Rosa, "As Palavras", Porto, Campo das Letras, 2001, p.74.

    ResponderEliminar
  8. Sibilinamente... escrevendo para acabar por dizer... nada, pese o autor ser Ramos Rosa, como poderia ser outro qualquer! Muito gostam os poetas de "brincar" com as palavras! "Não vou... por aí". JCN

    ResponderEliminar
  9. Lembro aqui essa obra admirável de António Cândido Franco, "Teoria e Palavra", nesta passagem lapidar:

    "A palavra é mais 'errante' que verdadeira, pois a expressão é mais um erro que uma verdade.(...)
    O indizível da palavra (...) é que é o seu lado de magistral errância"
    (pág. 20)

    A propósito da relação entre saudade e palavra, Cândido Franco havia escrito pouco antes:

    "A teoria tem uma saudade concreta que é já palavra, como a palavra ou a poesia têm um desejo abstracto pela irrealidade do pensamento ou da filosofia" (idem)


    P.S.
    Ah, é verdade!
    Ocorreu-me também, "en passant":

    "Saudade é sida que se pega à gente" (JNC)

    Sida??
    Paulo, "muito gostam os poetas de 'brincar' com as palavras."
    ("Não vou por aí" - como alguém diria...)

    Aliás, os políticos também, e outros mentirosos "como" os poetas, ou lá como lhes chamava Platão.

    ResponderEliminar
  10. Que osga têm aos poetas... certos comentadores da SERPENTE! Aos poetas... ou a mim?! Que mal lhes faz a Poesia?... Como chamaria Platão a estas criaturas alérgicas ao canto dos cines?!... Imagino! JCN

    ResponderEliminar
  11. Estás a ver, Pessoa: de futuro não serás um "fingidor", mas pura e simplesmente um "mentiroso"! Platonicamente falando. Da laia dos políticos. Para pior! Grama lá esta! JCN

    ResponderEliminar
  12. Não tirem, com abstrusas, confusas e difusas considerações, a Poesia à Saudade, "esta palavra branca, esta eiró que se evade"! JCN

    ResponderEliminar
  13. Não acha, Prof. Paulo, que já não temos idade... para brincar às "queixinhas"?!... Eu... pelo menos! JCN

    ResponderEliminar
  14. De facto, já não temos idade para muita coisa, e quiçá sobremaneira para "brincar" aos poetas...

    Nem há que ir sequer a Camões. Temos aqui "mais perto", ao menos no tempo do ter sido ele o que nos é:

    "Baste a quem baste o que lhe basta
    O bastante de lhe bastar!
    A vida é breve, a alma é vasta:
    Ter é tardar.
    (Fernando Pessoa,'O das Quinas', in "Mensagem")

    Saudade é uma palavra para que palavras não há.
    Há ter saudade e ter saudades: não há é como dizê-lo!

    ResponderEliminar
  15. As banalidades do costume! Três vezes nove vinte e sete: noves fora... nada! Tretas! JCN

    ResponderEliminar
  16. Nunca, de facto, é tarde... para brincar aos Poetas, com letra capital, iluminada e tudo!
    Estás a ver, Pessoa: depois de uma roda de mentiroso, vem o "mea culpa", com direito a transcrição, aliás desajeitada e fora de contexto. Para quem não gosta de poetas... não faz grande sentido. Tolera-se, como desforço! Deus nos dê "bom-senso e bom-gosto"! JCN

    ResponderEliminar
  17. Citação "desajeitada" dum soneto aqui no blog algures publicado, o qual não comento - apenas cito, do mesmo publicante, outras palavras: dialogalmente.
    Cá vai.


    Cito, pois (daqui mesmo):
    "Nunca, de facto, é tarde... para brincar aos Poetas, com letra capital, iluminada e tudo!


    "SUPERAÇÃO"

    "Mentia se dissesse que não gosto
    de criticado ser... acerbamente,
    por isso não ficando mal disposto
    como acontece a muito boa gente."

    É de ver!
    (cito de novo, o próprio):
    "Três vezes nove vinte e sete: noves fora... nada! Tretas! As banalidades do costume!"



    Continua:
    "Digam, portanto, sobre os meus poemas
    as cobras e lagartos que quiserem
    quer no tocante aos respectivos temas
    quer às imperfeições que eles tiverem."

    Cito de novo o próprio dito cujo:
    "depois de uma roda de mentiroso, vem o "mea culpa"(...), aliás desajeitada e fora de contexto."



    Continua:
    "Não tenham, pois, acanho ou relutância
    em desfazer nas minhas produções
    de todas as maneiras e feições."

    Cito na mesma, do próprio mesmo:
    "Para quem (...) gosta de poetas... não faz grande sentido."

    Continua:
    "Mas, de igual modo, tenham a elegância
    de, em caso de impecáveis os acharem,
    fidalgamente... me felicitarem!"

    Cito, mas uma vez, na mesma, do próprio mesmo (tragam a água benta!):
    "Tolera-se, como desforço! Deus nos dê "bom-senso e bom-gosto"!

    assinado: JCB (parece que se chama JCB, mas as más-línguas do costume dizem chamar-se João de Castro Nunes. Será? Alguém conhece?)



    Como soía dizer-se, "conforme documento junto": os poetas são excelentes mentirosos!
    Eles mesmos tratam de desdizerem-se.
    É justo! Poupam trabalho.
    Só não poupam o deles.



    P.S.
    Tenho andado cá a pensar, para os meus sonetos, se não será boa ideia dizer a uns amigos meus para virem aqui publicar umas boas duas ou três "poesices semi-parvas" por dia: ao fim duns meses tinham as obras completas publicadinhas, e aqui o blog finava-se com tosse convulsa, logo de seguida.

    Limpinho. Vou pensar nisso!
    Vou falar nisso a Paulo Borges. Pedir-lhe licença para eles NÃO PUBLICAREM no blog, e sobretudo ver se lhes lembro não se esquecerem de deixarem jamais de olharem-se ao espelho, ao final do dia: está lá tudo escrito!
    Sobretudo o "mal escrito"!...

    Oração final:
    Dê-nos Deus o bom-senso e o bom-gosto!

    (Não é verdade, Antero?)
    Cof, cof!...

    ResponderEliminar
  18. Mais um:

    "SAUDADES DE Nós"

    (Ao Prof. A. Carvalho Homem)

    Bem o diz, Professor: a nossa gente,
    além de toda a espécie de saudades
    que afectam as demais comunidades,
    tem uma que é das outras diferente.

    Não é que nós sejamos desiguais
    dos outros povos ou das outras raças,
    mas a verdade é que, nestas devassas,
    nós nos achamos sempre especiais.

    Para nós a saudade é como um mito,
    como um estigma que trazemos dentro
    da nossa carne em funda letra inscrito.

    Quer seja à flor da pele ou bem no centro,
    até da nossa própria identidade
    um laivo temos todos... de saudade!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

    (Publicado em ALTERNATIVA - CULTURA OUTRA)

    ResponderEliminar
  19. Mil perdões!

    Era "aqui"(https://www.blogger.com/comment.g?blogID=3014313979769592040&postID=2155380439780466073) que deveria ter escrito o meu comentário acima.(Não digo que o queria!)

    Agora, fica assim. E quiçá fica melhor.
    Ao menos, está melhor bem acompanhado, do que mal só.

    ResponderEliminar
  20. Esqueci-me de dizer:

    "Vou-me recolher, que as pessoas de certa idade devem deitar-se cedo, para acordarem no outro dia com uma certa idade na mesma, mas só com mais um bocadinho..."

    Boas noites!

    ResponderEliminar
  21. Para fechar:

    SAUDADES!...

    Saudade... Que será?... Confesso que busquei
    em poeirentos dicionários e artigos,mas o sentido rigoroso não achei
    desta doce palavra de perfis antigos.

    Dizem que ela é azul como são as montanhas
    e que se esfumam nela aos poucos as paixões,
    pronunciando-a com tremuras nas entranhas
    um nobre amigo meu (e das constelações).

    Sem precisar de olhar, em Eça a imagino.
    O seu doce segredo intriga-me bastante;
    como da borboleta o corpo estranho e fino,
    das minhas redes ela está sempre distante.

    Saudade... Oiça, vizinho, acaso voce sabe
    a significação com probabilidade
    desta palavra branca, esta eiró que se evade?
    Sei não... E vem-me à boca o teu tremor suave...
    Saudade!...
    PABLO NERUDA

    (Versão portuguesa, melhorada,de
    JOÃO DE CASTRO MUNES)

    ResponderEliminar
  22. De "água benta" anda a precisar vossemecê, senhor DAMIEN, às catadupas! Tenha tento na bola!
    E não me faça tanta propaganda, que a minha bolsa não dá para esses luxos. Toque os sinos, mas não tanto, não tanto! Que hão-de pensar de mim?!... JCN

    ResponderEliminar
  23. Como saiu desalinhada, repito a primeira quadra do poema SAUDADE!... (e não SAUDADES!...), de PABLO NERUDA:


    Saudade... Que será?... Confesso que busquei
    em poeirentos dicionários e artigos,
    mas o sentido rigoroso não achei
    desta doce palavra de perfis antigos.


    JCN

    ResponderEliminar
  24. Só mais um conselho, senhor DAMIEN: não perca as estribeiras, descendo ao insulto soez e aos golpes baixos, trocando-me o nome e gracejando com a minha idade, que para todas as pessoas de bons princípios e em todos os paízes civilizados é motivo de veneração e de respeito. De onde vem... vossemecê?!... JCN

    ResponderEliminar
  25. Há um senhor, aqui, que entende por "insulto" o apenas mostrar-se-lhe que as tretas e balelas são dele, ao pôr-se a jeito para ser "criticado": mostrei-lho APENAS com as suas próprias palavras o efeito que elas fazem quando aplicadas a si mesmo...
    Só isso!
    E viu-se perfeitamente o resultado:
    tal como aqui.
    Fim do Assunto.
    Próximo!

    P.S.
    Quanto ao nome, não atingi. Será que o nome do tal senhor é mais impronunciável que o Nome de Deus?

    Quanto à idade, também não percebi. Saberá o bom do tal senhor a minha idade?

    Ah, ...quanto a de onde eu venho!
    Venho daqui e vou para aqui!

    E não voltarei aqui, obviamente.

    ResponderEliminar
  26. Em conclusão: o senhor DAMIEN, depois de tentar justificar-se ou explicar-se perante o público leitor, retirou-se pela porta do cavalo. Não foi o primeiro nem provavelmente será o último a fazê-lo. E eu... cá prossigo cantando e rimo com os meus "poeminhas", assinando-os como sempre e pese à minha provecta idade dos 89. Sem tirar nem pôr! JCN (JCB... para o senhor DAMIEN). JCN

    ResponderEliminar
  27. P. S. - Essa do "vim daqui e vou para aqui"... já parece do Bocage!

    JCN (JCB... para o senhor DAMIEN)

    ResponderEliminar
  28. No blogue da NOVA ÁGUIA tiraram-me a voz... por incómoda; será que, na SERPENTE, me vai suceder o mesmo por instigação do senhor DAMIEN ("Vou falar nisso ao Paulo Borges")?!... Estou por tudo! JCN

    ResponderEliminar
  29. A percepção da mais fina ironia está na proporção inversa da incapacidade de tê-la.
    Nisso, está tudo dito!

    Haverá de saber, porém, certo senhor que melhor é retirarmo-nos a voz, por humildade e firmeza, do que ser-nos ela retirada, por obstinação e falta de sentido de proporção.
    Foi o que eu fiz na Nova Águia: agir em conformidade com a primeira.

    Nada a gabar-se-me, nada também a censurar-se-me.
    Apenas: cada um, no mais pequeno dos seus actos ou gestos, mostra o que seja e o que não seja.
    Isso vale para mim, como para qualquer um.

    No fundo, é-se tão pouca coisa. E tão pouca coisa nos sobrevive...

    ResponderEliminar
  30. Coisa muita ou coisa pouca... cada um se julgue como entenda! Uma coisa lhe posso afiançar: é que espero sobreviver por largo tempo e por múltiplas razões. De si... sabe vossemecê! E também uma coisa é certa: nunca saio pela porta do cavalo! JCN (JCB... para vossenecê)

    ResponderEliminar
  31. À força de "comentários de sobrevivência", este post ainda entra para o Guiness, em número de comentários (da treta, claro!): está com boa embalagem!

    (Pena! A frase de Paulo Borges é tão silenciante, tão silente e tão sibilina...
    Não digo que não mereceria "isto": digo, sim, que nos mereceria mais e que mais nos mereceria de nós mesmos... do que "isto", de olhar-se para o próprio umbigo, da mera sobrevivência: tão pouca coisa! E tão insobrevivente.)

    ResponderEliminar
  32. De tretas... sabe vossemecê! Onde aprendeu?!... JCN

    ResponderEliminar
  33. Quando quiser silenciar o silêncio... silenciosamente, arranje um bom dicionário de rimas! Posso indicar. Rimar... pelo começo... é literação.Já se não usa, além de ser... peco. Quereria vossemecê replicar ao meuu "abstruso, difuso e confuso"? É mera suposição da minha parte, movido por "enganosa evidência". Absolutamente irrelevante, confesso JCN (JCB... para vossemecê).

    ResponderEliminar
  34. Alguém diz a este senhor, que está "sem óculos"?

    E, já agora, que se poupe ele também às irrelevâncias da sua "relevância"?

    Obrigado!

    ResponderEliminar
  35. Não é preciso que "alguém" mo diga... porque já vossemecê mo disse. Escusadamente, porque ainda não necessito deles. Graças a Deus! Visão... é coisa que não me falta. Soma e segue! JCN

    ResponderEliminar
  36. Senhor DAMIEN: já alguma vez ouviu dizer que, antes de ser inventada, já se sabia por onde é que a corda havia de partir?!... JCN

    ResponderEliminar
  37. Há, bem parece, por aqui, um certo senhor que "quer conversa" porque, é mais que evidente, com verso seu a ninguém faz converso.


    A quem interesse (informação tão inútil quanto esta, já, desconversa):

    "Vou mudar a algália dos ouvidos!"

    ResponderEliminar
  38. Nada há como uma patacoada... para rematar uma conversa! Essa é que é ess! Partiu a corda! JCN

    ResponderEliminar