Quisera morrer nos teus braços de névoa!
Aí! onde a vinha cresce na veia perdida
e a hora de sonhar é nó, é mó da vindima do mar
Que a água me desse pela cintura, quisera eu!
e que rezasses, dentro da memória do rio parado
Uma missa por mim e por ti, ao céu sereno.
Quisera de horizonte a horizonte cantar,
ao que vem beber nos regatos do céu,
a seiva e o néctar dos pomares do Jardim
A cálida brisa de uma manhã sem janelas
Uma Aurora rasgada em flor futura
Uma Saudade nasce na luz ao Sol devota.
Quisera renascer em flor em um outro não lugar
nascer e morrer, tal como a fina névoa rente às ervas:
se transforma no vapor que sobe ao claro céu
Como fonte onde saciam a sede gazelas,
e os mansos cavalos do vento, o sopro da nuvem
sorvem o hálito da tarde a sonhar vinha e mosto.
Quisera ver florir outonos, como rosas bravas,
na brancura rugosa do fim do verão nos muros,
onde se ouvem, se o silêncio se escutar,
correr as fontes próximas dos jardins
e os veios de água a rolar na ampulheta
do cristalino desenhar da gota.
Nas asas do Silêncio de névoa e luar ornados,
Quisera eu morrer como se estivesse viva.
...pedalem nas vossas "bicicletas!"... de névoa!
ResponderEliminarJCN
:)
ResponderEliminarLá volta o "descarado" a servir-se das minhas iniciais! Até onde e quando... isto é tolerável?
ResponderEliminarJOÃO DE CASTRO NUNES
Musicalidade à parte, se a Poesia... são metáforas, estamos incontestavelmente perante um notabilíssimo Poema. Quisera... fosse meu!
ResponderEliminarJOÃO DE CASTRO NUNES
Não nos degladiemos, nós os do puro astro/ Afinemos alto, até às estrelas, os nossos violinos/Sejam eles o mais claro rastro/Dos nossos sonhos mais que adamantinos!
ResponderEliminarAfinai com arte vossos violinos e violencelos:)
Não morras, Maria, escreve mais um pouco, nós precisamos desses versos.
ResponderEliminarUm beijo irmão, Francisco!
ResponderEliminarSaudades!
"Quisera eu morrer como se estivesse viva."
ResponderEliminarEsta calou fundíssimo!
Valeu-me a" Aurora rasgada em flor futura".
névoa, pedalar, campainhar
ResponderEliminarcomo com o apito dos comboios a névoa
sobretudo matinal
amplia o som das campainhas
das bicicletas
é o que falta à beleza do teu rio
- uma bicicleta encostada ao tronco
ulmeiro(?)
Meu querido Platero, o que tu sabes sobre névoas e bicicletas e a ampliação do som das campainhas das bicicletas e dos comboios na neblina das manhãs!:)
ResponderEliminarViste "O Carteiro de Pablo Neruda?"
Una metafora!!! e... uma bicicleta frente ao mar! Que imagem!
"Dimena" haveria de gostar!...
...já para não falar da I. a dos pés azuis pequenos...
ResponderEliminar...Vai na bicicleta, I. a dos pés azuis, leva nos pés as asas de Saudades. Leva luzes de estrelas em vez de pedais e voa campainhas e campanários no cimo dos montes, entre azul e azul, salvando o branco das casas e o rodapé azulíssimo das casas...
Os campos vão doirando a cor da erva, e os cabelos de I. vão entrançando a vide na nota acobreada da sua lisa face e da imensa Saudade que me leva e me escreve, na bicicleta do poeta... Atrás das borboletas que levantam o pólen dos vestidos das flores selvagens... A esteva cobre os campos e a bicicleta buzina, em surdina, na névoa da tarde...
Bucólicas e campinas, no final de tarde...
A Aurora é uma flor a nascer no dia futuro... redonda como um fruto, aqui onde se saúda a Vida, ao som da nascida bicicleta; nascida da força natural do ar do Sol da terra e dos astros "A bicicleta cósmica de Platero", um bom título para uma B.D. ou um futurante meio de transporte, dese o E.T. ...:)
Sorrisos para todos.
P.S. Um beijo especial daqui da Serpente para a terra de "jadis".
Eterna Amizade!
Não ouves o ruído da campainha?
Corrijo: onde se lê "dese", deve ler-se "desde", as outras incorrecções são desatenções que não impedem, creio a compreensão do texto/comentário.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana.
Lindíssimo! Ando sempre atrasado nas leituras...
ResponderEliminarMil desculpas e Abraços