sexta-feira, 18 de setembro de 2009

"Como um Padrão que pensa..."

4 comentários:

  1. Ocorrem-me aqui os diversos sentidos de padrão e de marco: o primeiro, de descoberta, e do assinalar dela; o segundo, miliário, de limite ou de limites, e demarcador deles.

    Ocorre-me também esta passagem:

    "Não removas os marcos antigos, que teus pais fizeram" (Provérbios, 22, 28)

    Talvez esta última acepção melhor conglomere todos os sentidos daquilo de que aqui falamos.

    Mas a que mais nos fala, e melhor no-lo diz, e diz o que importa, é esta:

    "Este padrão sinala ao vento e aos céus
    Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
    O por-fazer é só de Deus"

    (Fernando Pessoa, in Mensagem, "Padrão")

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  2. O... PADRÃO!

    Em termos de expressão material
    no que respeita à nossa identidade
    entre as demais nações da humanidade,
    quer antes ou quer na época actual,

    ponho-me às vezes por curiosidade
    a imaginar, a título informal,
    como seria ao certo Portugal
    sem o cantor da nacionalidade.

    Sem Luís de Camões a terra lusa
    seria uma nação de alma difusa
    por não dispor de autênticos... padrões.

    Eu nem quero pensar como seria
    o "ninho seu paterno" se Camões
    não possuísse o dom da Poesia!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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  3. Puxa, amigo Damien, você sabe muitas coisas boas e escreve muito bem. Perdoe-me o elogio.

    Amigo João, quanta honra me dá em ter um soneto seu em postagem minha e, logo com referências ao poeta que é Padrão de Portugal.

    Já agora, desvendo o verdadeiro sentido da frase que me assaltou a mente e que não resisti em partilhar. A citação é de António Telmo que nos contou, quando da sua estadia em Brasília com Agostinho da Silva que ele o terá mandado para Granada, Espanha, para simplesmente nada fazer. "Vai e sê como um padrão que pensa", disse-lhe o Mestre.

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  4. Muito grato, caro Luis Santos, pelo precioso detalhe, quanto à origem da frase, tão imperativa quão enigmática: Vamos, então... "nada fazer"!

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