quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Aos nervosos

Trinta três ou trinta e quatro são as vértebras do amor

Desde o cóccix
até ao atlas
vértebra incompleta mas mais elevada

percorro
o canal sagrado em todo o comprimento
e sopro pelos teus nervos
das trinta e três ou trinta e quatro vértebras do amor.

Um caminho por entre as apófises transversais
espinhosas
mas articuladas

Em que busco
a medula da tua alma
sem tropeçar e cair
nos buracos vertebrais

procurando
as áreas sensíveis
dos teus nervos
raquidianos,

a sua disposição metamérica
nos entrecruzamentos
dos músculos vizinhos

pelas extremidades
esperando sempre
não te
enervar.




Joana in Tratado da Alma Separada, 2004 (inédito, mas a querer sair da gaveta)

2 comentários:

  1. gostei muito. Não como críitico - como apreciador
    gostava de ter sido eu a escrevê-lo.
    Invejei-o

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  2. obrigada Platero. É bom ser invejada na passiva (eu que sinto tanto na activa). Mas há tantas vértebras, tantas espinhas, tantos seres vertebrados e invertebrados- tenho a certeza que o Platero enervará, arrepiará quando quiser

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