domingo, 27 de setembro de 2009

alegria



Do meu castelo de vento

Vejo o longe repleto de impossível e terminação

Os promontórios de nunca florescem do coração da treva

Rasgam-se os espaços de gélidas antecipações do agora

Não sei que saudade o mundo chora

Sob o manto da tarde inaugural

A crisálida de não ter sido

Pelas minhas veias ganha raízes de trepadeira

Evado-me de mim a cada instante da permanência

Não há ausência ou incompletude

A alma vegetativa da esperança

Tomará de assalto o ermo

A vida é esquecimento

O que está perto é batido pelas ondas do fim

Não se pode recusar à erosão o que resiste à decomposição

A harmonia é o não ter que ser que abre as coisas em concha à escuta sem vontade

Daqui toda a distância é um hino de luz e treva nem alegre nem triste

A rendilhar na bruma o esboço duma catedral de insónia

Na noite não há pecado e as orações são pegadas dum deus que não existe

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