quarta-feira, 12 de agosto de 2009

XVII
Quanto mais claro
Vejo em mim, mais escuro é o que vejo.
Quanto mais compreendo
Menos me sinto compreendido. Ó horror
[…]paradoxal deste pensar...


Fernando Pessoa
in Poemas Dramáticos
Edições Ática,

5 comentários:

  1. NEM PERDIDO NEM ACHADO

    Como havias, Poeta desconexo,
    de pelos outros seres entendido,
    se, por interior falta de nexo,
    nem de ti mesmo foste compreendido?!...

    Do claro não fizeste mais que escuro,
    sobre ele construindo o teu futuro.

    Sem nunca te encontrares dentro ou fora,
    a vida inteira andaste sempre à nora!

    Para aclarar a tua obscura mente,
    de quando em vez... valia-te a aguardente,
    ó Poeta de génio... intransparente!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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  2. (Para quem anda à briga com os sonetos)

    Nem achado ou perdido é afinal
    o que vejo que seja o que não é
    Se o paradoxo em ti, a luz cega, e mal
    a compreendes, afinal, o que era já não é.

    Assim se perde a razão e a fé
    Pois só pode pensar quem o mundo não vê.
    Se o escuro tem o claro entendimento
    De não ser nem claro nem escuro o pensamento.

    Obscura razão que nos tolda o sentido
    Em labirintícas razões e mágoas tantas
    Que ao pobre fica a ilusão do rico

    Tenho para mim, João de Castro Nunes
    Que a razão de Pessoa é ser Ninguém
    Ao invés do que pensm ser certas pessoas.

    ("O Obscuro" desenterrado)

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  3. proposta para o último verso:
    "ao invés de pensar que são 'Alguém'"

    Para rimar...

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  4. Com um pouco mais de afinação... vai lá! Parece que vou deixar de ser... o maior. Congratulations! JCN

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  5. :)


    gosto disto.

    Quando um poema - este de um génio -
    inspira, por entre rasgos de versos, outros escritos.

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