Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Pergunta crucial
"Hombre occidental, tu miedo al Oriente, es miedo a dormir ou a despertar?"
Medo a dormir... Medo da mudança, medo da impermanência, medo da doença e da velhice, medo da separação de entes queridos e da união com entes indesejáveis, medo do infortúnio, do insucesso, da crítica e da injúria pessoal, medo do fracasso profissional e pessoal, medo da descida do valor das acções, medo da crise e dos seus efeitos, medo do desemprego e da exclusão, medo da pandemia que tudo contamina... medo... medo da morte!
Medo a despertar... Medo do ego ilusório que temos por real, medo do abismo que nós somos sem limites para nos agarrar, medo da vacuidade de tudo o que fazemos dizemos e pensamos, medo do nada (que é tudo), medo de Cristo, medo de Buda, medo de Deus!!!... medo... medo da vida!
Eu traduziria por "medo de dormir" e "medo de despertar". Lembro o belíssimo livro da Dalila Pereira da Costa sobre os sonhos, as portas que se abrem ao conhecimento nas profundezas abissais do Íntimo, onde o mergulho é uma elevação, isto se conseguirmos optar pela porta (do) Sublime - não está isto em discrepância com o medo do sono (e da insónia, que pode por vezes assumir a forma de medo ao sono e ao sonho) que alimenta o imaginário ocidental? Lembro a propósito outro livro belíssimo, "Acalanto e Horror", de Ana Lúcia Cavani Jorge, que, seguindo uma abordagem psicalanítica, explora o medo infantil ligado ao acto de adormecer - e aqui há que registar o paradoxo de muitas canções de embalar terem conteúdos tétricos absolutamente deliciosos (para quem gosta do género). Para isso inventaram os comprimidos para dormir. E também há os que ajudam a acordar sem muito sobressalto, porque acordar precisamente no mesmo lugar onde se adormeceu deve ser uma experiência acabrunhante. Mas acordar e despertar não são sinónimos. Pode-se despertar através do Sonho, como se pode sonhar depois de acordar, ou a vida pode ser encarada como um Sonho e não há nada nisso que a desvalorize, antes pelo contrário. Mas o melhor é viver sem despertador. Coisa que nas culturas orientais é bem banal. Seria bom conseguirmos levantar-nos quando o Sol se levanta. Ou quando o galo canta. :)
O medo de adormecer é a consciência de que aparentemente há algo por fazer, quando normalmente não há. Excepto aqueles que têm medo de adormecer e não acordar.
boa questão
ResponderEliminarque parece começa a ter vislumbres de resposta. Que não agradará a todos, como em tudo.
Bom regresso às lides
Medo a dormir... Medo da mudança, medo da impermanência, medo da doença e da velhice, medo da separação de entes queridos e da união com entes indesejáveis, medo do infortúnio, do insucesso, da crítica e da injúria pessoal, medo do fracasso profissional e pessoal, medo da descida do valor das acções, medo da crise e dos seus efeitos, medo do desemprego e da exclusão, medo da pandemia que tudo contamina... medo... medo da morte!
ResponderEliminarMedo a despertar... Medo do ego ilusório que temos por real, medo do abismo que nós somos sem limites para nos agarrar, medo da vacuidade de tudo o que fazemos dizemos e pensamos, medo do nada (que é tudo), medo de Cristo, medo de Buda, medo de Deus!!!... medo... medo da vida!
Hombre! Sê prudente e amedronta-te do medo!
"O medo pode matar o seu coração"
ResponderEliminarÁgua de beber.
Percebo o elogio do anonimato e da máscara, sem eles a tua audiência é zero.
ResponderEliminarlol talvez colocar uma máscara seja retirar outra.
ResponderEliminarEu traduziria por "medo de dormir" e "medo de despertar". Lembro o belíssimo livro da Dalila Pereira da Costa sobre os sonhos, as portas que se abrem ao conhecimento nas profundezas abissais do Íntimo, onde o mergulho é uma elevação, isto se conseguirmos optar pela porta (do) Sublime - não está isto em discrepância com o medo do sono (e da insónia, que pode por vezes assumir a forma de medo ao sono e ao sonho) que alimenta o imaginário ocidental? Lembro a propósito outro livro belíssimo, "Acalanto e Horror", de Ana Lúcia Cavani Jorge, que, seguindo uma abordagem psicalanítica, explora o medo infantil ligado ao acto de adormecer - e aqui há que registar o paradoxo de muitas canções de embalar terem conteúdos tétricos absolutamente deliciosos (para quem gosta do género).
ResponderEliminarPara isso inventaram os comprimidos para dormir. E também há os que ajudam a acordar sem muito sobressalto, porque acordar precisamente no mesmo lugar onde se adormeceu deve ser uma experiência acabrunhante.
Mas acordar e despertar não são sinónimos. Pode-se despertar através do Sonho, como se pode sonhar depois de acordar, ou a vida pode ser encarada como um Sonho e não há nada nisso que a desvalorize, antes pelo contrário.
Mas o melhor é viver sem despertador. Coisa que nas culturas orientais é bem banal. Seria bom conseguirmos levantar-nos quando o Sol se levanta. Ou quando o galo canta. :)
O medo de adormecer é a consciência de que aparentemente há algo por fazer, quando normalmente não há. Excepto aqueles que têm medo de adormecer e não acordar.
ResponderEliminarEs miedo a dormir desperto, claro!
ResponderEliminarpues que al oriente es donde se despierta el que si va a poner al occidente dormido.
Espanhuela
Sabedoria oriental
ResponderEliminarTendo um dia perdido o seu machado,
um certo camponês logo pensou
no filho do vizinho, que acusou
de ter aspecto de lho ter roubado.
Bastava olhar para ele … para ver
que tinha mesmo cara de ladrão,
passando a espiá-lo na intenção
de eventualmente o vir a surpreender.
Acontece, porém, que em dada altura,
por mero acaso, em meio da verdura
perdido o camponês o descobriu.
E logo, acto contínuo, concluiu
que o filho do vizinho referido
nunca tivera… cara de bandido!
A serpe
A serpe é simplesmente repelente:
sinuosa, rastejante, sem ruído,
as vítimas ataca de repente,
em vero ou metafórico sentido!
Os modos abomino da serpente:
quando menos se espera, surpreendido,
eis que ela surge sorrateiramente
sem se dar conta nem se ter ouvido!
Quando se enrosca numa criatura
seu sangue ao mesmo tempo envenenando,
é morte certa a sua mordedura!
Assim há muita gente!... simulada,
pés de veludo e olhos espreitando
a altura para dar… a ferroada!