sábado, 22 de agosto de 2009

eterna inocência

"De olhar límpido se faz a alvorada.
E do costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar..."


Alberto Caeiro, em O Guardador de Rebanhos

14 comentários:

  1. Mais pleno do que não pensar é não pensar pensando...

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  2. «Porque quem ama nunca sabe o que ama
    Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

    Amar é a eterna inocência,
    E a única inocência é não pensar..."»

    Será este o amor incondicional, não dualístico e imparcial, emanado pelo coração dos Bodhisattvas? Recordo-me de um poema célebre de Shantideva:

    «Enquanto o espaço permanecer,
    Enquanto os seres aí permanercerem,
    Possa também eu permanecer
    E dissipar a dor do mundo.»

    Creio que a motivação subjacente a esta quadra é o amor incondicional sentido por Caeiro e por todos os Bodhisattvas deste mundo.

    Grato pela recordação:)

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  3. Francamente não creio que haja em Caeiro qualquer lugar para um amor e compaixão incondicional semelhante aos dos Bodhisattvas. Como ele diz, haver gente que sofre enriquece esteticamente o mundo... O amor e a compaixão são aliás a grande incapacidade de Pessoa.

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  4. De Pessoa, das pessoas e do mundo, entendido como o estado mundano de consciência.

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  5. é verdade, mas a impossibilidade mundana transmuta-nos para uma possibilidade mental que poucos resultados dá perante a nossa condição de vida real (social). não será a busca pessoal da compaixão um trabalho para além da condição humana? não devemos tentar melhorar (falo mundamente) com os pés bem enterrados na lama da pobreza e da injustiça?

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  6. Não percebo. Lutar contra a pobreza e a injustiça não é uma das manifestações da compaixão?

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  7. "O amor (...) é a grande incapacidade de Pessoa"
    Prof. Paulo Borges

    Pessoa, quem és tu para dizer
    em que consiste o verdadeiro amor,
    se tu nunca o pudeste conhecer
    em todo o seu frenético vigor?!...

    Nunca jamais provaste o seu sabor,
    o que eram as crianças a valer,
    o que era uma família ao teu dispor
    para um destino dar ao teu viver.

    Como Camões, Bocage ou Bernardim,
    foste incapaz, em toda a tua vida,
    de jogar tudo numa só partida.

    Passaste a existência à secretária
    sem nenhuma paixão, mesmo ordinária,
    em solitário banco de jardim!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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  8. Finalmente um bloge que defende a liberdade de expressão!!!! Heil Hitler

    Na II guerra só morreram uns poucos milhares de judeus, não houve tempo pra mais, mas agora os nossos camaradas iraneanos irão terminar o trabalhinho

    Portugal só renascera quando matar a pretalhada toda que por aí anda

    Por isso dizemos bem-alto

    MORTE AOS PRETOS

    MORTE A TODOS OS EMIGRAS

    MORTE AOS GAYS

    MORTE AOS CIGANOS

    MORTE AOS MONHES

    MORTE AOS SEMABRIGO QUE NOS SUJAM AS RUAS

    E O OBAMA É UM MACACOIDE !!!!! NASCEU EM AFRICA

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  9. Aqui até acho que o comentário fingido encerrou bem a conversa. Aqui tudo é fingimento, fanatismo e mentira.

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  10. Se o amor é inocência,
    vai dizer essa a Camões,
    que pela tua insolência
    te prega dois bofetões!
    JCN

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  11. Morrerás pela tua boca.
    E pela inveja a quem vence.
    És um mediocre intolerante.
    Nem a ti desejo a morte.

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  12. será que existem lutadores contra a pobreza e a injustiça? penso que não..., quem pode lutar verdadeiramente são os pobres e os que são alvos de injustiças, e a esses esta sociedade não os ouve nem os reconhece.

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