quarta-feira, 19 de agosto de 2009

É a Hora! Com quantos minutos de atraso (mental?))?



A Pátria que vale a pena

É onde a beleza se instala

Onde a pureza da luz é inigualável

Onde as frontes substituem as fronteiras

Aberta de par em par a casa comum de sermos homens

É onde as mesas se podem cobrir de linho

E onde cada presença é uma totalidade de entrega

Na Pátria não há escadotes para a estupidez subir na vida

Não há Escariotes nem agiotas nem dementes a fingir de sãos

Só há o que há

O que pode ser colhido e partilhado sem os punhais a servir de sombra

Sem os sorrisos de quem tem dobradiças na espinha

Sem panelinha de pedinde na mão de quem quer ser rei

Na Pátria a única Lei é o Amor

O resto é turba insana

Que se engana quando se vê ao espelho

E acredita no que vê

Com os mesmos olhos com que desdenha a outra gente

A Pátria não é indigente

Nem precisa de quem a defenda

E a venda a seu bel-prazer

A quem quer ter poucos iguais

Ter uma Pátria exclusiva é castigo demais para quem nasce livre

E o Fogo preso dura muito pouco

Para quem se maravilha com o que é diverso

O Universo é demasiado vasto

Para sermos pasto de egoísmos

Chega de malabarismos de pechichinês

Não traz amarras quem nasce português

Nem tem limites o espaço duma vida

Bem ou mal parida

Ser Nobre não é coisa de berço

Nem se ilustra quem é escravo de si

16 comentários:

  1. «Ser Nobre não é coisa de berço Nem se ilustra quem é escravo de si».

    «Não é por se ter o cabelo entrançado, nem por nascimento, que alguém se torna num Brahmane. Mas aquele que mora a verdade e a rectidão, esse é puro e é um Brahmane.»

    nota: Brahman - aquele que atingiu o equilíbrio e a perfeição nesta vida, que é de carácter NOBRE.

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  2. Aquele que mora a verdade e a rectidão que não são mais que a mentira e a tortidão, tudo areia da mesma pátria.

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  3. Todos desejam ser Brahmanes... ahahah... assim nunca conseguirão. Todos querem ver Deus. Todos querem ser Deus, fundir-se, misticismo. Há duas vias possíveis nesta vida, não para nos tornarmos Brahmanes mas apenas como modo de existir: o ascetismo e o mundo. a solidão e a comunhão. Embora o ascetismo possa ser feito em comunhão. Mas em solitária comunhão. Encontro de consciências. Forças motrizes, diferenciadas: um. Nunca serei um Brahmane.

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  4. Sou sem pátria. Uma folha na imensa árvore da vida. Um grão de areia no infinito areal que é o Universo. Ando à procura dela, mas ainda não a encontrei. A minha pátria é o nomadismo, o nomadismo é a busca do amor, a busca do amor é o desejo de completude, o desejo de completude é o sonho da paz, o sonho da paz é a imaginação da felicidade eterna, constante, permanente. A minha pátria é isso. E não é isso. Porque a pátria é inefável, ou talvez se chame "amor" - "dar e receber".

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  5. A minha pátria é algo que ainda não descobri. Não sei o que é, desconheço-a.

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  6. Tomás, 6 anos, 1ºano19 de agosto de 2009 às 16:51

    quem disse que eu quero ser brahmo? Brahmon? Como se diz? Brahman! Eu quero ser astronauta quando for grande!

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  7. Brahmane.
    Brahman é D-us.

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  8. «A minha pátria é a vacuidade.» Acho que esta frase diz tudo o que não há a dizer. Vou fazer um tatoo no braço com ela. Não... se fizesse a vacuidade tornar-se-ia num grilhão, numa âncora, numa fronteira delimitadora da pátria.

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  9. De Nirguna, Saguna.
    De Saguna, Brahma.
    De Brahma, Vixnu.
    De Vixnu, Xiva.
    De Xiva, Nirguna.
    De Nirguna, Saguna
    .
    .
    .
    .
    .
    .

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  10. pirâmides circulares. novas geometrias. pescadinha de rabo na boca. serpente. eterno retorno - a chave do mundo e a ideia mais difícil de intuir.

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  11. essa foto faz lembrar uma pintura de Hopper, ou é mesmo?

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  12. O corrosivo mal da inveja


    A inveja mata, corroendo lenta
    mas imparavelmente a alma humana:
    é mal que de si próprio se alimenta
    e aos poucos vai tornando a mente insana.

    Pintaram-na os artistas primitivos
    da forma mais horrenda que é possível:
    animalescos dentes incisivos,
    aspecto facial vesgo e temível.

    É sempre deletéria a sua acção
    no meio social, embora às vezes
    pareça ter o dom da emulação.

    Por mim não acredito que assim seja
    especialmente quanto aos portugueses
    que primam sobre todos pela "enveja"!


    Iniquidade

    Escandalosamente Portugal
    tornou-se num país onde a miséria
    ombreia com o grande capital
    sem nada se fazer nesta matéria.

    Enquanto a maior parte da nação
    vive de escassos meios económicos
    não falta gente, em postos de gestão,
    fruindo de ordenados astronómicos.

    Há que denunciá-lo abertamente
    e em nome dos princípios da justiça
    pôr cobro aos exageros da cobiça.

    Entre as populações do continente,
    por muito que este quadro se componha,
    somos um caso extremo de vergonha!

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  13. O que escreves me recorda
    que na terra aonde nasci,
    as mesas se cobrem de linho
    e vou ganhando alento
    para voltar à minha tarefa

    de construir uma cidade

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  14. Paulo, tens vários versos dignos da mesma antologia em que colocaria os quatro versos finais do poema do Platero!

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